A visita de Barak Obama a Cuba foi, no seu todo simbólico e institucional, o apogeu da mais vergonhosa presidência da história dos Estados Unidos da América.
A iniciativa legitimou um regime totalitário, anacrónico e cruel, que controla não só as ideias, as palavras e os actos dos seus cidadãos, mas a própria comida que ingerem (as rações do governo castrista oferecem apenas um terço das calorias que um ser humano deve consumir diariamente). Mas, mais escandaloso do que isto, foi o conteúdo discursivo de Obama: o presidente dos Estados Unidos foi a Cuba falar dos problemas da sua república. É verdade. Sobre os presos políticos (o governo de Havana encarcerou centenas de pessoas apenas horas antes da chegada da comitiva americana), a violação constante dos mais básicos direitos humanos e a miséria que grassa nesta infeliz ilha do caribe, o homenzinho não se pronunciou. Mas sobre os falhanços da mais bem sucedida e mais próspera e mais livre democracia da história da humanidade, teve imensas coisas para dizer.
Todos sabemos que Barak Obama não é exactamente um fã do modelo das democracias ocidentais. Todos sabemos que é o presidente de uma federação que despreza. Mas, caramba, não haverá limites para esse desdém?
Às vezes, o mundo parece-me uma projecção holográfica, desenhada só para me irritar a sensibilidade.