Tínhamos as notícias falsas. Agora temos isto: os comentários falsos. A
imprensa americana e internacional não se dá conta de que, na sua sanha
de recusar a Trump qualquer razão ou legitimidade, está a reduzir a
análise a uma birra incoerente — se Trump não conversa com Kim Jong-un,
devia conversar; se conversa, não devia conversar. Há quem,
dramaticamente, ache que o jornalismo corre o risco de morrer com Trump.
Steven Spielberg até fez um filme por causa disso (The Post).
Mas se esse receio tem alguma razão de ser, é porque demasiados
jornalistas abandonaram qualquer pretensão de objectividade a favor de
uma lógica de guerra civil, que os tornou uma espécie de espelhos do que
eles próprios dizem ser Trump. Nada há de mais parecido com o trumpismo
do que o anti-trumpismo.
Rui Ramos . Observador . 15-06-2018 . Artigo integral