sexta-feira, julho 27, 2018

Um pequeno mar, uma grande descoberta.


Não é um dado surpreendente, porque existiam já fortes indícios da presença de massas aquíferas em Marte, mas agora já temos a certeza científica. Num artigo da Science deste mês, uma equipa de cientistas italianos liderada por Roberto Orosei, usando o radar MARSIS instalado na sonda orbital Mars Express, obteve dados inquestionáveis sobre a presença de um lago de água salgada, com cerca de 20 kms2, por baixo da superfície rochosa do planeta.
Desta boa notícia tiram-se duas conclusões imediatas, sendo a primeira esta: a colonização de Marte torna-se bem mais viável se, perfurando apenas mil e quinhentos metros, encontrarmos água (que podemos dessalinizar e utilizar  para hidratação, higiene e rega, bem como transformar em energia através da fusão do hidrogénio). Mas talvez mais importante é a segunda conclusão: se há água, haverá também, muito provavelmente, vida orgânica, mesmo que microbiótica. É claro que, para a água se conservar em estado líquido a temperaturas bem abaixo do zero centígrado, terá que ter componentes químicos que dificultam a mecânica biológica como a conhecemos na Terra. Mas nada nos garante que os organismos celulares de Marte obedeçam exactamente às leis que imperam no nosso planeta. Pelo contrário. E assim, está tudo em aberto. Até porque, se existir vida em Marte, que está aqui logo ao lado, torna-se evidente que se trata de um fenómeno muito mais prolixo e exuberante no cosmos do que pensamos.
Está para breve, talvez, o fim da solidão a que até agora nos condenaram os deuses.