domingo, julho 08, 2018

Um programa de fitness para os neurónios.



"The post modernist don't get to just come along and adopt Marxism as a matter of sleight of hand, just because their Marxist theory didn't work out and they figured out a rationalization they dont' get to get away with that because it's too dangerous to the rest of us. It isn't necessary for us who are trying with the small part of our hearts that might be oriented towards the good to allow people who are manipulating us with historical ignorance and philosophical sleight of hand to render us a god damn guilty verdict about what our ancestors may or may not have done so we allow our shame and our guilt to be used as tools to manipulate us into accepting a future that we do not want to have. 
And that's that."

Jordan B. Peterson . Conclusão da palestra Identity Politics and the Marxist Lie of White Privilege - University of British Columbia Free Speech Club


Nas últimas duas horas estive a ouvir esta conferência de Jordan B. Peterson, que recomendo vivamente. É claro que não vou convencer ninguém a investir essa quantidade de tempo nesta palestra absolutamente brilhante, e por isso programei o vídeo para começar a meio, num momento ímpar em que as palavras deste eminente pensador contemporâneo ganham luz de primeira grandeza e um poder impressionante (deixem-se ficar nem que seja por quinze minutos).

Jordan B. Peterson reduz, nesta intervenção, o marxismo e o consequente pós-modernismo a categorias erráticas - e criminosas - do pensamento humano, com brava erudição e eloquência.
O marxismo foi tentado, nos últimos cem anos, em países tão diferentes, em culturas tão diversas,  como a Rússia e a China, O Cambodja e a Venezuela, a Roménia e o Irão. Em todos os casos gerou sistemas totalitários desumanos, estados falhados em termos económicos e civilizacionais e, na sua maior parte, em genocídios recordistas. Ainda assim, a esquerda não soube reconhecer o seu dramático erro filosófico e procurou construir uma espécie de redenção através do pós-modernismo, uma forma de relativização moral que deu continuidade ao pensamento de Marx e de Lenine.
Isto embora, na verdade, o pressuposto pós-moderno de que a realidade tem infinitas interpretações do real, logo infinitas plataformas éticas e morais - seja um erro flagrante, na medida em que as interpretações que nos interessam são apenas as viáveis (no sentido da função social, da função económica, da função moral - a curto, médio e longo prazo) e estas não só são finitas como, na verdade, são escassas.

Acresce que a vertente igualitária resultante do relativismo do pensamento pós-moderno, baseia-se num falso exercício de taxonomia. As pessoas diferem mais do que apenas pelas categorias básicas de raça, sexo ou estatuto sócio-económico. As pessoas diferem nas suas capacidades intelectuais, no seu temperamento, na sua fisionomia, na sua cultura, na sua visão da família, da vida, da amizade, do trabalho, da religião, da política. E não podemos equalizar todas essas diferenças, pois não? Será desejável que todas as pessoas sejam igualmente atraentes? Igualmente inteligentes? Igualmente temperadas? Igualmente enculturadas?
As diferenças entre os indivíduos não são equalizáveis, a não ser sob jugos regimentais que são esmagadores da condição e da liberdade humana.

Por trás destes falsos recursos filosóficos, a esquerda ocidental tem construído o mito do Privilégio do Homem Branco, opressor de mulheres, classes, raças, etnias, minorias, etc, etc.. Uma tese histórica e cientificamente falaciosa, mas dominante nas academias, que procura manipular a opinião pública e orientá-la no sentido do absurdo. Este Homem Branco não é uma entidade histórica coerente, sequer. Por exemplo: o Homem Branco Opressor é Trump, mas não pode ser Lenine. Será Hitler, mas não Guevara. O Homem Branco será o judeu de Israel mas não o judeu de Auschwitz. Não há, obviamente, um só Homem Branco Opressor no Partido Comunista Chinês. E para surpresa de todos, Kennedy não é um Homem Branco. Não como Margaret Tatcher.

Este último devaneio, claro, é da minha autoria. Mas a vantagem grande de ouvir Jordan B. Peterson é que as suas palavras germinam fecundas no intelecto dos audientes. São provocantes e lúcidas: fazem comichão nos neurónios. E é dessa comichão, a que também se pode chamar liberdade, que estamos todos, aqui deste lado ocidental do mundo, a precisar com urgência.