Não vou, muito provavelmente, estar vivo quando a Apple ou a Samsung
lançarem o seu primeiro computador, o seu primeiro sistema operativo, de
processador quântico. Ou, mesmo que esteja vivo, já não me servirá de
grande coisa. Os computadores de processador quântico vão transformar o
Sapiens 1.0 no Sapiens 2.0. E, o mais certo, é que nessa altura o
conceito de computador já tenha sofrido bastantes alterações, de tal
forma que não seja uma máquina exterior ao corpo, mas antes um
complemento cibernético da arquitectura humana.
Seja
como for, o processo científico e industrial está a dar os seus
primeiros passos. A ideia central é tirar partido de fantasmáticas
"anomalias" do comportamento das partículas como a superposição e o
entanglement, de tal forma que o actual código binário multiplique a sua
produtividade na ordem dos milhares percentuais. A diferença entre um
bit e um qubit é que um bit ou é zero ou é um. Um qubit pode ser, no
mesmo momento, zero e um. Mais: pode ser o zero e o um de outro qubit.
Isto levanta todos os potenciais que podemos imaginar, em termos de
capacidade de processamento. E, também, do que será capaz de fazer a
inteligência artificial na segunda metade do século XXI (para o bem e
para o mal, como sempre).
Não
se trata de uma revolução para agora, independentemente do que possam
dizer os mais optimistas. Existem grandes dificuldades ao nível da
coerência energética das partículas e é preciso trabalhar consistente e
afincadamente em múltiplas frentes tecnológicas para que um computador
quântico esteja à venda, a um preço de classe média, numa Worten perto
de ti, caro leitor. Para que caiba em cima ou em baixo da tua
secretária. Para que consiga ser completamente imune ao ambiente do teu
escritório. Para que consiga manter estáveis temperaturas abaixo do zero
absoluto.
Mas,
como este vídeo bem demonstra, nos anos 50 do século passado também era
precisa uma sala enorme para manter a funcionar um computador com um
centésimo da capacidade de processamento do teu actual telemóvel.
Por isso, vamos deixar a malta trabalhar e ver o que é que sai daqui.