Alexandro Valverde sagrou-se ontem, com 38 anos, campeão do mundo de ciclismo de estrada. Aqueles que gostam e seguem a modalidade sabem bem que este não é um atleta qualquer. Nobre e incansável lutador, trepador explosivo e leal líder da Movistar, Alexandro é aquele tipo de herói desportivo que, mesmo nos piores momentos, nunca perde a face.
Apesar de ter ganho apenas uma das 3 grandes voltas do circuito internacional, a Vuelta de 2012, terminou no pódio destas competições por 8 vezes e tem um palmarés que fala por si próprio: com 16 anos de carreira profissional, somou 122 vitórias, conquistando títulos sucessivos em grandes provas do calendário da UCI, como o Critério Dauphiné (2 vitórias), a Fléche Valogne (5), a Liège–Bastogne–Liège (4) ou a Volta à Catalunha (3), tendo sido campeão espanhol de estrada por duas vezes e de contra-relógio por uma vez, entre muitos outros êxitos. Entre muitas outras épicas corridas.
Com esta vitória monumental, Alexandro poderá decidir terminar a sua carreira em beleza. O que é uma pena. As estradas nunca mais serão as mesmas sem ele.
Sobre estes campeonatos do mundo, tenho ainda que destacar aquele que considero ser, actualmente, o ciclista mais completo e espectacular do pelotão internacional: Tom Dumoulin. Depois de ser segundo no Giro e segundo no Tour, o holandês veio aos campeonatos do mundo disputar as provas de contra-relógio por equipas, contra-relógio individual (provas que tinha vencido em 2017) e de fundo. Com a determinação que se lhe reconhece, lutou até ao fim pelos três títulos. Nos contra-relógios ficou em segundo e na prova de fundo em quarto (com o mesmo tempo dos ciclistas que compuseram o pódio). Há quem diga que Dumoulin acabou por falhar todos os objectivos da época. Eu, que adoro ciclismo, acho que Tom Dumoulin fez uma época absolutamente brilhante.
Quanto aos portugueses, os resultados não foram maus de todo: Nelson Oliveira fez quinto no contra-relógio e Rui Costa foi décimo na prova de fundo, tendo feito uma excelente prova, sempre posicionado entre os candidatos à vitória até à última subida, demasiado íngreme para favorecer as suas características naturais.
Os campeonatos do mundo fecharam mais uma época vibrante. Para o ano há mais.