Porque este meu grande amigo de vida comemorava meio século de existência, passei o fim de semana com ele e com mais um punhado de bons e velhos amigos, num vale secreto, lindíssimo, no coração da Serra de Aire.
É verdade que o tempo esteve tristonho. Mas o sítio - Alvados - é bonito mesmo num dia cinzento.
Estou a 120 kms de Lisboa, mas o silêncio, a paz, a sensação de total isolamento é de quem viajou para o outro lado da galáxia.
O hotel é destes que se usam agora, de arquitectura que ignora a paisagem e que prefere as linhas rectas porque sim e em que tens a banheira à cabeceira da cama e as luzes são complicadas de acender e és tu que serves os copos que bebes e que cozinhas a comida que comes e ainda pagas por isso e se calhar até pagas mais precisamente por causa disso - o que não faz sentido nenhum - mas é assim e até acabou por ser bem divertido.
No Domingo, fomos almoçar à Adega do Luís, que é um restaurante muito perto de Porto-de-Mós, daqueles que já não se usam: rústico, acolhedor, com boa comida portuguesa, que não é estragada por chefes nem por modas. Chove miudinho e o dia ainda está mais tristonho do que no sábado. Volto para Sesimbra, com o coração cheio de quem matou saudades de seres humanos que deveras estima. Mas meio rezinguão por causa da chuva, como se um dia chuvoso em fevereiro não fosse completamente normal.
Hoje, quando acordo, o dia está assim:
Conclusão: um gajo nascido num país com este clima e que tenha a sorte de fazer bons amigos não se pode queixar da vida.