As eleições de hoje no Reino Unido, talvez as mais importantes desde que Margaret Thatcher subiu ao poder, servem eloquentemente alguns pontos de vista que tenho expresso aqui no blog, a saber:
- Uma muito expressiva maioria de cidadãos britânicos querem sair da União Europeia. É o que vai rapidamente acontecer, agora que Boris Johnson tem uma maioria enorme.
- O populismo é hoje, ideologicamente, a mais substancial força política do Ocidente.
- O marxismo que tem assaltado a esquerda europeia e americana nos últimos anos é capaz de não ser assim tão popular como parece que é no twitter, na BBC, na Sky, na CNN e nos jornais "de referência" europeus e americanos. Corbyn levou hoje uma sova grande. Desconfio que em Novembro de 2020, o Partido Democrata americano - que é hoje para todos os efeitos um partido de extrema esquerda - também vai levar um histórico excerto de porrada eleitoral.
- A imprensa é, nos dias que correm e de uma maneira geral, um instrumento ao serviço de elites que vivem num lodo híbrido de capitalismo espúrio e bolchevismo radical. Os jornalistas esforçam-se loucamente por levar a cabo o sexo oral que lhes é exigido, mas a verdade é que já ninguém lhes liga nenhuma. O The Guardian, por exemplo, teve um papel completamente patético, nestas eleições, chegando ao ponto de pedir aos seus leitores para votarem trabalhista. Os eleitores escolheram ignorar a deprimente petição.
- Apesar dos esforços recorrentes para eliminar a liberdade de expressão e do fascismo politicamente correcto que impera institucionalmente, das academias aos jornais, dos aparelhos burocráticos dos estados às grandes corporações económicas, a verdade é que, até acabarem com as repúblicas fundadas na democracia representativa, as facções totalitárias terão grande dificuldade em ultrapassar a força e o bom senso dos eleitores. Há uma misteriosa sabedoria na manifestação eleitoral dos povos, que apresenta raras excepções de estupidez. Se alguma coisa continua válida nos regimes do Ocidente, é essa sabedoria. Seria bom que continuássemos a respeitá-la. A ver vamos.