domingo, julho 12, 2020

A discoteca da minha vida: discos 36 a 40.


#36 - Doolittle - Pixies

“If man is five, if man is five, if man is five
Then the devil is six, then the devil is six
The devil is six, the devil is six and if the devil is six
Then God is seven , then God is seven, the God is seven
This monkey's gone to Heaven”

Pixies, 1989. Não é preciso dizer mais nada, pois não?
Ah, talvez isto: “Doolittle” inicia a intrusão da lendária editora 4AD nas minhas membranas timpânicas.





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#37 - Children - The Mission
 
Ainda nos anos 80 e tenho que dar um pequeno passo atrás, para 1988. Não é um passo de dança porque os The Mission não são uma banda de Cabaret e "Children" não foi criado para entreter os tornozelos. O poder épico desta banda está todo direccionado para um árduo mas glorioso trajecto rumo ao olho da tempestade. Ou ao fulgor de uma batalha. E este disco é uma torre inexpugnável na formidável fortaleza do rock.
Sim, também gostava bastante dos Sisters of Mercy, experiência prévia de onde saíram Wayne Hussey e Craig Adams. Sim, também fui fã dos Fields of the Nephilim, banda gémea em forma e conteúdo. Mas é desta missão que gosto mais. É esta missão gótica e grandiosa, sem medo de ninguém e apontada para o abismo, que ficou comigo para sempre.
Mais a mais, a capa deste disco é absolutamente linda.




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#38 - New York - Lou Reed
 
Este é o disco que fecha, na discoteca da minha vida, os anos 80. Nada mais, nada menos que o décimo quinto álbum de Lou Reed: “New York”, de 1989. Sim, à sua décima quinta tentativa – sem contar com as 4 esquizofrénicas experiências dos Velvet Underground – o rapazinho consegue acertar em cheio na minha pobre sensibilidade musical. Não que os outros 14 prévios redondinhos fossem de deitar para o lixo, nem pouco mais ou menos - Lou Reed é autor de uma boa mão cheia de hinos rock que são equitativamente distribuídos por essa interminável discografia, mas este é o momento em que a maturidade, e o abandono dos ácidos, cobra os seus dividendos. “New York” é um masterclass em rock urbano, Brooklyn em vinil, sarjeta e boulevard da cidade com insónias; opereta falada, quase falhada e completamente triunfante, como um poema de Alan Ginsberg. Um solene epílogo para a mais escaganifobética década da história da música.







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#39 - Wrong Way Up - Brian Eno / John Cale

Viramos a década, finalmente. 1990 é o ano redondo em que os senhores Brian Eno e John Cale decidem voltar a fazer colidir magníficos esforços de forma a proporcionar à audiência da galáxia uma obra de arte a meias: "Wrong Way Up" é um objecto belo e ressacado, improvável e imprevisto como uma curva apertada que não consta no roadmap da existência. Uma nota alienígena na grande pauta do génio humano. E a prova provada que a influência de Andy Warhol nos Velvet Underground sempre foi nefasta. Sozinhos, em dupla ou fosse como fosse, a boa parte dos seus músicos superaram largamente o que tinham feito na banda que queria ser uma lata de sopa Campbell. “Wrong Way Up” não é pós-modernista. É modernista, apenas. E é aí que reside a sua virtude incomparável.




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#40 - A Life With Brian - Flowered Up
 
O Indie pop aos pulos, grandiloquente e circense, subsidiado por generosas doses de heroína e ligado a uma poderosa fonte de alta voltagem é, substancialmente, isto: “A Life With Brian”, de 1991, primeiro e único longa duração dos inacreditáveis Flowered Up, que podiam ter sido deuses mas escolheram morrer por overdose de tudo. Um disco para os anais.