Then the devil is six, then the devil is six
The devil is six, the devil is six and if the devil is six
Then God is seven , then God is seven, the God is seven
This monkey's gone to Heaven”
Pixies, 1989. Não é preciso dizer mais nada, pois não?
Ah, talvez isto: “Doolittle” inicia a intrusão da lendária editora 4AD nas minhas membranas timpânicas.
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Ainda nos anos 80 e tenho que dar um pequeno passo atrás, para 1988. Não é um passo de dança porque os The Mission não são uma banda de Cabaret e "Children" não foi criado para entreter os tornozelos. O poder épico desta banda está todo direccionado para um árduo mas glorioso trajecto rumo ao olho da tempestade. Ou ao fulgor de uma batalha. E este disco é uma torre inexpugnável na formidável fortaleza do rock.
Sim, também gostava bastante dos Sisters of Mercy, experiência prévia de onde saíram Wayne Hussey e Craig Adams. Sim, também fui fã dos Fields of the Nephilim, banda gémea em forma e conteúdo. Mas é desta missão que gosto mais. É esta missão gótica e grandiosa, sem medo de ninguém e apontada para o abismo, que ficou comigo para sempre.
Mais a mais, a capa deste disco é absolutamente linda.
Este é o disco que fecha, na discoteca da minha vida, os anos 80. Nada mais, nada menos que o décimo quinto álbum de Lou Reed: “New York”, de 1989. Sim, à sua décima quinta tentativa – sem contar com as 4 esquizofrénicas experiências dos Velvet Underground – o rapazinho consegue acertar em cheio na minha pobre sensibilidade musical. Não que os outros 14 prévios redondinhos fossem de deitar para o lixo, nem pouco mais ou menos - Lou Reed é autor de uma boa mão cheia de hinos rock que são equitativamente distribuídos por essa interminável discografia, mas este é o momento em que a maturidade, e o abandono dos ácidos, cobra os seus dividendos. “New York” é um masterclass em rock urbano, Brooklyn em vinil, sarjeta e boulevard da cidade com insónias; opereta falada, quase falhada e completamente triunfante, como um poema de Alan Ginsberg. Um solene epílogo para a mais escaganifobética década da história da música.
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Viramos
a década, finalmente. 1990 é o ano redondo em que os senhores Brian Eno
e John Cale decidem voltar a fazer colidir magníficos esforços de forma
a proporcionar à audiência da galáxia uma obra de arte a meias: "Wrong
Way Up" é um objecto belo e ressacado, improvável e imprevisto como uma
curva apertada que não consta no roadmap da existência. Uma nota
alienígena na grande pauta do génio humano. E a prova provada que a
influência de Andy Warhol nos Velvet Underground sempre foi nefasta.
Sozinhos, em dupla ou fosse como fosse, a boa parte dos seus músicos
superaram largamente o que tinham feito na banda que queria ser uma lata
de sopa Campbell. “Wrong Way Up” não é pós-modernista. É modernista,
apenas. E é aí que reside a sua virtude incomparável.
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O
Indie pop aos pulos, grandiloquente e circense, subsidiado por
generosas doses de heroína e ligado a uma poderosa fonte de alta
voltagem é, substancialmente, isto: “A Life With Brian”, de 1991,
primeiro e único longa duração dos inacreditáveis Flowered Up, que
podiam ter sido deuses mas escolheram morrer por overdose de tudo. Um
disco para os anais.