A banda que pomposamente decidiu chamar-se "The Music" é um daqueles epifenómenos difíceis de entender. Editaram 3 discos explosivos entre 2002 e 2008 e depois desapareceram para sempre. O seu primeiro trabalho, homónimo, é uma coisa sem explicação: Robert Harvey fica com as tripas de fora de tanto ter que gritar por cima da electricidade que a banda debita em doses industriais e a ideia subjacente a este ensaio sobre o ruído é que o apocalipse se aproxima a passos largos e que cabe ao músicos exercerem com furiosa energia todos os acordes possíveis, a grande velocidade e no máximo volume, enquanto é tempo.
Oiço hoje este disco intenso e poderoso e soa-me como uma espécie de elegia aos heróis esquecidos do rock and roll. Porque se é certo que estes grandes malucos caíram completamente no esquecimento, isso não faz deles uma banda menor ou deste disco um subproduto. Pelo contrário. Essa bruma oblívia é uma coroa de louros. Um monumento ao soldado desconhecido. Uma fuga gloriosa para o lado obscuro da criação.