Sobe ao palco Geoffrey Michael Skinner, AKA The Streets. Hip hop britânico e branquelas, rap de ruelas, império do loop e da rima, opus prima, território aliterado pelo cimento armado de Birmingham, arame farpado do princípio do século XXI, bum, demente, agora quase inocente, na altura quase pornográfico, cenográfico pesadelo de ruas sampladas e estrofes roubadas, transformadas em poemas intermináveis; insultos amáveis salgados pela chuva e encharcados pelo sangue e aclamados pelo cantar dos sinos, hinos do último pub da história universal dos bifes, diáspora de patifes e salvação de santos, síntese de todos os prantos.
Disco tremendo e primeiro e primordial, "Original Pirate Material", de 2002, é uma elegia de acordes falados, sinfonia de bits falhados, rol e prole de palavras de ordem no caos fecundo e monumental do mundo.
