quarta-feira, março 03, 2021

A discoteca da minha vida #83: "Silent Alarm", Bloc Party


Bloc Party. Porra. Por onde começar? Pela voz transcendental de Kele Okereke? Pela guitarra excruciante e trovadoresca de Russell Lissack? Pela poderosa e alucinante secção rítmica infatigavelmente fabricada por Justin Harris e Louise Bartle? Pelo todo melódico e lírico, plataforma de rock total, inspirada e desesperada rampa de lançamento que dispara mísseis para Deus e canções para a posteridade?
Os Bloc Party são uma banda para além da cronologia, para além da geografia, para além de taxonomias e catálogos e enciclopédias e manuais de normas. O que eles fazem supera as leis da física e os cânones da acústica e as métricas da poesia e os limites criativos todos. O que eles fazem são discos imortais. Podia ter escolhido o último, de 2016, mas escolho o primeiro, de 2005. Por causa de ser o primeiro. Por causa de pedras preciosas como "So Here We Are" ou "Helicopter" ou "This Modern Love" ou "Banquet" ou "Blue Light". Por causa de ter sido este o momento fulgurante, histriónico e irrecuperável em que entraram pelos meus tímpanos a dentro, como um vento divino anunciando tempestades.
Se o rock é a melhor invenção da humanidade depois da direcção assistida, os Bloc Party são completamente o derradeiro testemunho dessa ideia genial.