Agora que as grandes corporações mundiais assumiram abertamente o combate às pequenas empresas, à classe média e ao livre arbítrio, numa aliança de trevas com o movimento totalitário dos estados;
Agora que a lógica dos mercados financeiros não pode ser mais niilista e alheia às realidades do tecido sócio-económico e o seu quadro moral consagra exclusivamente a ganância, a especulação e o individualismo espúrio do salve-se quem puder;
Agora que o grande capital alinha declaradamente com o Partido Comunista Chinês, alinha declaradamente com obscuras elites que pretendem abolir a democracia em nome de dúbios valores e falsas ameaças de apocalipse, alinha declaradamente com sistemas ideológicos que vão contra todos os fundamentos da civilização ocidental em particular e da dignidade humana em geral;
Agora que as multinacionais atingiram patamares omnipotentes de supremacia social e política que lhes permitem influenciar decisivamente as câmaras legislativas e os gabinetes executivos, que lhes permitem desencadear a guerra sem justificação plausível para além do lucro, que lhes permitem manipular a opinião pública através do medo e do ódio racial, que lhes permitem censurar os cidadãos, no desrespeito pelas leis das respectivas repúblicas, e até os seus representantes políticos, no total desprezo pela validação eleitoral;
Agora que estas organizações de gigantismo abstruso e distópico premeiam a disfunção em favor da razão e o igualitarismo em desfavor do mérito, agora que favorecem o parasitismo opulento dos concelhos de administração em sacrifício do valor do trabalho e da prosperidade comum, agora que privilegiam o compadrio corporativo enquanto combatem a livre iniciativa;
Agora que estas corruptas máquinas de aniquilação cultural, agora que estes aparelhos de extermínio espiritual e religioso, agora que estes sistemas de tirania sobre o pensamento não necessitam sequer de cumprir preceitos de boa gestão - destratando os seus mercados e ofendendo os seus clientes - porque encontraram maneira de forçarem os governos e, logo, os contribuintes, a financiarem as sucessivas falências que decorrem das suas más práticas e obscenas filosofias, num atrevimento chantagista que é inédito na História Universal;
Agora que o capitalismo se transformou numa máquina totalitária, de imenso poder destrutivo, chegou a altura de fazer a sua crítica.