A sós.
Aproveito para matar
as saudades que tinha de mim.
Sem incomodar o silêncio,
o Navio Escola Sagres
é de boa companhia.
Acordo com o grito metálico
de um martelo pneumático.
Puta que pariu.
Não há melhor companhia
que a da Marinha.
Sabem sempre manter as devidas
distâncias.
Não há aborrecimento
que um copo de vinho
não resolva.
"This is no Bridget Jones"
dizem os Wombats.
Estão carregados de razão.
Uma gaivota faz ninho
num telhado próximo.
Vai haver confusão.
Esqueço-me do saco do lixo
à porta de casa.
As gaivotas agradecem.
Deixei de fumar ganza.
Mas não foi de propósito.
Máscaras ao ar livre.
Será que as pessoas pensam
que os vírus têm asas?
O haiku depende muito
da qualidade do caderno.
Hoje vou jantar ao Canhão.
A tarde alegra-se.
Dou graças a Deus por sempre ter sabido misturar
trabalho com
prazer.
Os ateus não sabem
a paz que perdem.
Só um cego não repara
no desenho inteligente.
A BIC está a ficar sem tinta
mas eu ainda estou carregado
de palavras.
Todos os versos que já rasurei eram capazes
de uma Odisseia.
A baía produz som.
Mas é quando se cala que é mais
eloquente.
Ergue-se um guindaste
lá em baixo.
Anúncio de caos.
O melro observa-me
e observa o ninho da gaivota.
Articula prós e contras.
É só por um bocadinho mas
no alto da falésia
ficas mais perto de Deus.
A construção civil não é nada amiga
dos tímpanos.
Não há como uma moto-serra para estragar
a paisagem.
A traineira minúscula
agiganta-se quando entra
na doca.
Por muito certos que estejam os cálculos do engenheiro,
a baía tem sempre melhor nota
a matemática.
Candeeiros, telhas, chaminés, antenas, painéis solares:
mobília de gaivotas.
A traineira é da formiga.
O iate é da cigarra.
A marina não passa de uma doca
vaidosa.
Entra um besouro enorme pela sala a dentro.
E agora?
Lua cheia.
Até os candeeiros ficam envergonhados.
Escrever haikus é uma excelente maneira de passar o tempo.
Mas agora tenho que ir tomar banho.