Dia quente de junho.
Até as gaivotas suam
as estopinhas.
A areia escalda-te os pés,
a água gela-te a alma.
No pontão entre a doca e a praia,
fico à conversa com o senhor
Neptuno.
A água é verde como a serra.
Foi de propósito,
diz Deus Nosso Senhor.
Na doca há um Portugal que trabalha.
Na praia
não.
Caminho pela orla marítima.
Corro o risco de passar por turista e por isso
fujo para a esplanada.
O bar chama-se Onda Selvagem.
Mas a omelete é bastante
civilizada.
Bebo a mais saborosa cerveja
da história das bebidas alcoólicas.
Domingo vou à missa.
Sesimbra é uma vila simpática.
Sesimbrenses à parte.
Acho que nasci
para morrer
sozinho.