quarta-feira, agosto 18, 2021

De Vieira de Leiria a Cabul ou a insustentável ignorância de tudo.

O Observador, acompanhando como sempre as obscenas tendências da imprensa internacional, pergunta-se parvamente: Os Talibãs continuam fundamentalistas ou são agora mais moderados?

É difícil avaliar a estupidez, a ingenuidade e a desfaçatez desta pergunta, que nem valor retórico tem, na verdade. Os talibãs vão ser "moderados" (quero dizer, não vão começar a matar gente às dezenas de milhar), enquanto isso servir a sua agenda radical. Quando a atenção internacional se deslocar para outras paragens e os terroristas que estão a ser neste momento transportados para o Ocidente como refugiados estiverem devidamente alojados nos países de destino, os talibãs vão mostrar ao João Francisco Gomes, o infeliz autor desta pérola do jornalismo millenial, o horror que são capazes de cumprir.

Nessa altura, quando os desgraçados dos afegãos que não entraram entretanto nos eixos do mais extremo e desumano fascismo religioso que conseguimos encontrar no planeta forem barbaramente exterminados, o João Francisco Gomes vai continuar a ter o mesmo emprego e a redigir outros lamentáveis manifestos provindos da sua profunda ignorância de tudo, sem sequer corar de vergonha, porque uma pessoa sem consciência histórica, sem consciência ética, e desta forma grotesca alheia da realidade, não pode ter memória de si, nem imagem ao espelho.

Nessa altura, quando assistirmos ao previsível recrudescimento dos atentados terroristas de inspiração islamita na Europa, o João Francisco Gomes vai noticiá-los como actos de minorias socialmente oprimidas, economicamente desfavorecidas e vítimas de racismo. É mais que certo.

O João Francisco Gomes devia ter ficado quietinho em Vieira de Leiria, de onde informa a sua ficha curricular que é proveniente. Ia à praia. Empregava-se na Indústria vidreira da Marinha Grande ou na madeireira do Ti' Júlio do Pinhal. Embebedava-se ocasionalmente no café central. Casava com a prima Antónia. Fazia dois ou três Franciscos Gomes (desde que nunca viessem para Lisboa estudar jornalismo). E passava o resto do tempo a evitar a redacção de fosse que texto fosse (mesmo que destinado à newsletter da paróquia). Tenho a certeza que seria muito mais feliz. E o país só ganhava com essa felicidade. E com esse abençoado silêncio.