Quando ideólogos radicais assumem o poder numa democracia ocidental, a coisa é capaz de dar rapidamente para o torto. Porque estes não são políticos como os outros. Os outros fingem que se preocupam com os eleitores. Estes nem sequer fingem. Estes riem-se na cara dos eleitores enquanto lhes destroem as vidas. Por um projecto utópico, ou distópico, como quiserem; por valores mais altos, quase religiosos, que ultrapassam largamente o âmbito das comezinhas e insignificantes trajectórias existenciais da pequena burguesia; pelos amanhãs que cantam o sonho de um "mundo melhor", mais justo e ecológico, mais equalitário e seguro, há que destruir primeiro o presente do indicativo e o pretérito perfeito, há que aniquilar o modelo civilizacional que impede o "progresso" da humanidade. Custe o que custar e a qualquer preço. Não importa o agora. Importa o depois. Os radicais da revolução contemporânea não têm em vista a qualidade de vida dos que estão vivos, mas dos que vão viver daqui a 30, 50, 100, 1000 anos. Esses é que são os eleitores que merecem a preocupação dos líderes vanguardistas. Até porque esses, os que vão nascer na programada e científica utopia, não podem recusar a tirania de agora. Não podem complicar o processo revolucionário em curso.
Num monólogo que segue num crescendo assustador, Tucker Carlson adverte porém aqueles que dirigem actualmente os destinos da América, espécie de híbridos entre Robespierre e Maria Antonieta: poderá chegar um momento em que o desprezo pelas massas terá, abrupto e selvático, um resultado sacrificial. Se há revolução, haverá reacção. E se essa subversão acelerada, caótica e destruidora é perpetrada pelas elites, a reacção será realizada pelas massas. E a evidência dos números deveria fazer pensar quem agora comete excessos autoritários, desgovernos económicos e crimes de lesa-pátria.