Ver de uma assentada, sem comer nem beber nem dormir, todas as épocas da série "Friends" parece agora um programa mais apelativo para os americanos do que voltar a votar em Joe Biden. O approval rating da actual administração caiu para uns recordistas 33%, descendo 11% num mês apenas.
Apesar de cumprir apenas um ano de governação, normal fase de estado de graça, e do conluio que instituiu com a imprensa e com as Big Tech, que protegem e difundem a sua narrativa, Biden encontra-se neste momento em queda livre.
Bravo.
Mas não se pode propriamente dizer que na Casa Branca cedam à gravidade deste trambolhão histórico. Muito pelo contrário, Biden não altera uma letra da sua agenda radical e está empenhado em hostilizar e perseguir os 67% de americanos que acham que ele está a fazer um mau trabalho, tendo com determinada consistência recorrido ao argumento chave do actual Partido Democrata, inventado por Hillary aqui há uns anos atrás: se não estão de acordo comigo é porque são ignorantes, deploráveis, racistas e até, levando a célebre tirada da senhora Clinton ao seu máximo retórico, terroristas.
Isto embora qualquer cidadão de bom senso considere merecedora de nota crítica uma administração que criou condições para o bom sucesso de múltiplos descalabros, entre os quais este:
US #inflation rises to 7% in December, highest level in 39 years.
— Emel Akan (@mlakan) January 12, 2022
Gasoline: 49.6%
Beef: 18.6%
Pork: 15.1%
Chicken 10.4%
Fresh fish: 10.2%
Oranges: 9.9%
Furniture: 13.8%
Dresses: 8%
Jewelry: 8.8%
New cars: 12%
Used cars: 37.3%
Hotels: 27.6%
Car rental: 36%
A inflação que não ia acontecer, e que depois era transitória e que agora, num exercício de revisão radical dos dogmas académicos, até é um fenómeno positivo para a economia (!), continua a progredir num crescendo insustentável. O governo federal está aqui, está a congelar os preços. E toda a gente sabe que esse processo terceiro-mundista de intrusão do estado na orgânica dos mercados é completamente contraproducente, porque mais tarde ou mais cedo o mandato terá que ser levantado e os preços, nessa altura, vão explodir para escalas galácticas, de forma a compensar os prejuízos do ciclo anterior e porque vai continuar a haver abundância desmesurada de moeda em circulação.
Em 2022 há eleições para o Congresso. Se até lá a inflação e a psicose pandémica não tiverem regredido, é muito provável que os republicanos reconquistem as maiorias nas duas câmaras. Nesse caso, restará a Joe Biden exagerar nas ordens executivas, circunstância que, no contexto do escasso apoio popular e da vontade de ajustar contas de alguns congressistas republicanos de pendor mais populista, pode muito bem conduzir a um processo de impeachment.
Uma coisa é certa: a actual administração tem que travar esta sangria. Chegar às eleições de Novembro com níveis de aprovação abaixo dos 30% é convidar a desgraça.
O problema é que o convite à desgraça é uma especialidade da Casa Branca. Não sabem fazer outra coisa.