quinta-feira, janeiro 13, 2022

Em queda livre.


Ver de uma assentada, sem comer nem beber nem dormir, todas as épocas da série "Friends" parece agora um programa mais apelativo para os americanos do que voltar a votar em Joe Biden. O approval rating da actual administração caiu para uns recordistas 33%, descendo 11% num mês apenas.

Apesar de cumprir apenas um ano de governação, normal fase de estado de graça, e do conluio que instituiu com a imprensa e com as Big Tech, que protegem e difundem a sua narrativa, Biden encontra-se neste momento em queda livre.

Bravo.

Mas não se pode propriamente dizer que na Casa Branca cedam à gravidade deste trambolhão histórico. Muito pelo contrário, Biden não altera uma letra da sua agenda radical e está empenhado em hostilizar e perseguir os 67% de americanos que acham que ele está a fazer um mau trabalho, tendo com determinada consistência recorrido ao argumento chave do actual Partido Democrata, inventado por Hillary aqui há uns anos atrás: se não estão de acordo comigo é porque são ignorantes, deploráveis, racistas e até, levando a célebre tirada da senhora Clinton ao seu máximo retórico, terroristas.

Isto embora qualquer cidadão de bom senso considere merecedora de nota crítica uma administração que criou condições para o bom sucesso de múltiplos descalabros, entre os quais este:


A inflação que não ia acontecer, e que depois era transitória e que agora, num exercício de revisão radical dos dogmas académicos, até é um fenómeno positivo para a economia (!), continua a progredir num crescendo insustentável. O governo federal está aqui, está a congelar os preços. E toda a gente sabe que esse processo terceiro-mundista de intrusão do estado na orgânica dos mercados é completamente contraproducente, porque mais tarde ou mais cedo o mandato terá que ser levantado e os preços, nessa altura, vão explodir para escalas galácticas, de forma a compensar os prejuízos do ciclo anterior e porque vai continuar a haver abundância desmesurada de moeda em circulação.

Em 2022 há eleições para o Congresso. Se até lá a inflação e a psicose pandémica não tiverem regredido, é muito provável que os republicanos reconquistem as maiorias nas duas câmaras. Nesse caso, restará a Joe Biden exagerar nas ordens executivas, circunstância que, no contexto do escasso apoio popular e da vontade de ajustar contas de alguns congressistas republicanos de pendor mais populista, pode muito bem conduzir a um processo de impeachment.

Uma coisa é certa: a actual administração tem que travar esta sangria. Chegar às eleições de Novembro com níveis de aprovação abaixo dos 30% é convidar a desgraça.

O problema é que o convite à desgraça é uma especialidade da Casa Branca. Não sabem fazer outra coisa.