terça-feira, fevereiro 08, 2022

Sou cliente da Vodafone, e é precisamente por isso que

não posso estar mais de acordo com os hackers que estão a expor as fragilidades desta manhosa multinacional. E ainda mais de acordo com os hackers fico quando a manhosa multinacional responde como responde, apelidando de "terroristas" aqueles que expõem as suas gritantes fragilidades técnicas.

Se a Vodafone alguma vez se tivesse preocupado com os prejuízos que as suas constantes falhas de serviço implicam na actividade dos seus clientes, tinha adoptado há muito uma política de responsabilidade completamente diferente daquela que implementa. Posso afirmar que, no meu caso específico, a empresa deve-me centenas senão milhares de euros referentes a incontáveis horas em que fui privado do serviço de internet contratado, sem que as facturas mensais reflictam essa aleatória e frequente falência técnica.

Isto para além de alterações ao serviço, executadas sem a minha permissão e completamente fora do acordo contratual, como a inclusão de spots publicitários de visualização obrigatória e a obliteração de canais nos conteúdos do serviço televisivo.

O serviço ao cliente da Vodafone está abaixo de ser mau. Mas o drama nem é esse. O drama é que o serviço ao cliente de todas as operadores de telecomunicações em Portugal é tão mau como o da Vodafone. Num esquema concertado de nivelamento por baixo e preçário por cima, todos os operadores cumprem com o mesmo tipo cartelista e miserável de rotinas operacionais e cobram exactamente o mesmo e obsceno valor por essa indecência performativa.

Se há aqui terroristas, são eles, os accionistas e administradores destas corporações mafiosas.

Mas pelos vistos, terrorismo é, no léxico mediático contemporâneo, o acto de demonstrar que as grandes corporações são tão incompetentes como gananciosas.

Estou com os hackers. Mesmo que o objectivo dos hackers seja apenas o de sacar umas massas.

Ladrão que rouba ladrão, cumpre honorável tarefa.