Não me surpreende nada esta atitude de Costa. Aqui em Portugal, pelos vistos e como no resto do Ocidente, está instalado o perigosíssimo maniqueísmo de dividir os cidadãos em animais de primeira e de segunda categoria. O voto destes últimos vale menos do que o voto dos primeiros, por exemplo.
A expressão eleitoral dos deploráveis, marginal minoria com opiniões inaceitáveis, sub-espécie de racistas barra negacionistas que são responsáveis por todos os males da humanidade (e da história da humanidade) não merece a consideração institucional do primeiro ministro.
Esta classe de indigentes e ignorantes está excluída de uma estranha ideia de democracia que grassa e triunfa por todo o lado, nos tempos que correm. Uma estranha ideia materializada em regimes que perseguem e marginalizam, apenas por razões políticas, os cidadãos que pretendem servir. E interpretada por líderes que odeiam os povos que lideram.
Por quanto tempo mais?
Desconfio que António Costa ofereceu ontem, numa perfeita polaroide da sua infâmia, mais uns bons milhares de votos ao Chega. Só foi pena que não tenha tido a coragem de anunciar esta decisão antes das eleições: como promessa eleitoral ia funcionar ainda melhor.
E já agora, exactamente quantos milhões de portugueses é que a Terceira República pode excluir do seu círculo ontológico? As deprimentes percentagens de abstenção não satisfazem o desejo de exclusão social e política do primeiro ministro? Será sensato acrescentar mais 7% do eleitorado a essa grande fatia de alienados do regime?
Muito esticam a corda, os imbecis.