terça-feira, março 29, 2022

A bofetada, explicada.

Consumando o seu papel de publicação propagandista destinada a servir os interessas da indústria cinematográfica californiana, o The Hollywood Reporter justifica a brutal queda das audiências da cerimónia de entrega dos óscares, registada nos últimos anos, pela "fracturação dos media" e pela pandemia, o que é, claro, completamente falso.

O facto das plataformas digitais se terem multiplicado não quer dizer que as pessoas com interesse num determinado conteúdo o deixem de procurar. E um dos efeitos da pandemia foi precisamente o de obrigar os públicos a consumir mais horas de televisão e de internet, porque foram diligentemente enfiadas em casa. Ainda por cima, o pico estatístico regista-se em 2014, altura em que a fragmentação dos media já existia e a queda abrupta começa em 2015, muito antes da eclosão pandémica. 

Enfim, areia para os olhos.

A verdade é muito simples: ninguém tem paciência para aturar actores reles e egomaníacos, que se acham moralmente superiores a toda a gente e que estão convencidos que têm uma missão evangelizadora (no sentido woke da palavra) sobre as massas. Não há audiências que sobrevivam a este género de aberrações performativas:



E é neste contexto que a bofetada, na minha opinião encenada, se explica perfeitamente. É um isco para captar futuras audiências. Porque a partir de agora, aberto que está o precedente da porrada, toda a gente vai estar à espera de violências várias nas próximas edições do evento. E os resultados desta edição vão já ser superiores àqueles contabilizados em 2021, de certeza.

É um truque de circo. Interpretado por palhaços ricos. Mais nada. Rigorosamente mais nada.

P.S. - Se Will Smith fosse branco, acham que receberia o Óscar para melhor actor cinco minutos depois de ter espancado o infeliz Chris Rock?