"We are witnessing the birth of a new world order centered around commodity currencies in the East that will weaken the Eurodollar system... After this war is over 'money' will never be the same again."
Zoltan Poszar . Credit Suisse strategist
No fim do seu monólogo de ontem, Tucker Carlson alerta para o impacto que a reacção histérica da administração Biden à invasão da Ucrânia está a ter nos mercados financeiros e energéticos. Se os Estados Unidos podem boicotar, por razão política, o livre curso da economia mundial e usar o sistema para fazer a guerra, como agora acontece com a Rússia, o império global do petrodólar não tem futuro, porque países como a China, a Índia, a Árabia Saudita ou o Brasil, para citar apenas os PIBs mais significativos, acabam de perder a confiança em mecanismos de troca que rapidamente se podem virar contra eles.
Isto não é dizer pouco. Sem a hegemonia monetária, a América vai empobrecer radicalmente e sair em definitivo de cena como nação dominadora à escala planetária. O que se calhar até é um bem. Não para os americanos, claro. E apenas se nos conseguirmos abstrair da natureza totalitária da potência quem vem a seguir.
Mas sobre a queda dos sonhos globalistas fabricados durante décadas pelo aparelho burocrático de Washington, que Biden se encarregou agora de provocar (talvez inadvertidamente, talvez não), os dois minutos e meio do clip em baixo, protagonizados por Robert Barnes, o célebre advogado californiano, são absolutamente essenciais.
Ao demonstrar que o Ocidente não pode regular a economia mundial porque manipula o seu funcionamento em função de caprichos ideológicos, os líderes políticos norte americanos e europeus estão a contribuir decisivamente para o óbito dos seus sonhos de grandeza e a despertar na Ásia e na América do Sul uma natural vontade de criar novos mercados, com mecanismos cambiais e moedas padrão que não escapem ao seu controlo. O petróleo, por exemplo, poderá perfeitamente ser negociado com base no valor do ouro.
Acontece que entre os dez países que mais ouro produzem, 8 não são ocidentais. E os dois primeiros produtores são a China e a Rússia.
A velocidade a que a História está a acontecer no Século XXI é verdadeiramente alucinante. Mal dá tempo para conseguir pensar. Talvez por isso, dá a sensação que quem dirige os destinos do Ocidente não está a raciocinar para além do imediato.