domingo, abril 03, 2022

Vão ter que fazer a vontade ao Czar.

Até ver, Vladimir Putin, cujos objectivos últimos pelos quais trava uma guerra complicada na sua fronteira sudoeste estão ainda por descodificar, não cumpriu a ameaça de fechar completamente a torneira caso os países "não amigáveis" se recusassem a comprar as energias russas em rublos. Encaixou no entanto muitos petrodólares, porque perante hipótese de ruptura na distruibuição, os países europeus desataram a comprar gás e petróleo à Rússia como se o mercado fechasse amanhã. As últimas 48 horas têm sido excelentes para os oligarcas de Moscovo. E terríveis para os contribuintes do Ocidente.

Mas mesmo sem fechar completamente a torneira, e para além de facturar que nem um doido, o Czar vai dando sinais que, se a Europa quer a guerra, ele não se importa de a fazer rebentar nos orçamentos e na qualidade de vida dos cidadãos europeus.

Apesar de Portugal não ser tão dependente do gás russo como outras nações europeias mais centrais, as contas domésticas dos portugueses vão certamente disparar nos próximos tempos, largando combustível ao incêndio da inflação, que está a reduzir a cinzas o poder de compra de toda a gente e as poupanças da classe média.



Mas no caso das nações da Europa central, o assunto transcende a falência material. A dependência energética da Rússia atinge proporções assustadoras que podem ferir seriamente a sustentabilidade económica e social destes países, a viabilidade de muitas das suas empresas e o bem estar dos respectivos povos.

Se Putin fizer finca pé, a Alemanha e a Áustria, a Hungria e a República Checa, a Holanda e a Irlanda, vão mesmo ter que começar a trocar os euros por rublos.