Em mais um ensaio do seu mestrado, The Critical Drinker continua a perseguir as razões que explicam a queda de Hollywood. Neste caso, a análise recai sobre o uso, abuso e exagero desmesurado dos efeitos digitais ou CGI. A desumanização e descontextualização do cinema pelo recurso às tecnologias cibernéticas não tem, como até certa altura foi expectável, contribuído para a qualidade das histórias, a densidade dos personagens e a criatividade das artes vídeo, muito pelo contrário. E quanto mais mirabulantes e surreais e pseudo-épicas são as sequências fabricadas, muitas vezes totalmente, no disco rígido dos computadores, mais alienado e indiferente fica o espectador. Os recursos ilimitados da era digital tiveram o efeito de descredibilizar as cenas de acção, de esterilizar as intrigas, de roubar a alma aos protagonistas e de reduzir o conteúdo artístico das cenografias. E quando vemos aqueles tipos em collants de cores berrantes, ensaiando movimentos sem sentido num palco desnudado de tudo menos da cor do croma, que respeito temos por eles? Que glamour encontramos num super-herói cujos músculos são simulados por um computador? As primeiras vítimas do CGI serão os actores. Mas em última análise todos perdemos, porque sempre que nos subtraem a visceral e necessária relação com a realidade, há todo um universo de emoções que se dilui num imenso nada de zeros e uns.