terça-feira, junho 21, 2022

USA Today: um Fact Checker que inventa os factos.


O USA Today, que gosta de se considerar como um fiável "Fact Checker", e que é usado por redes sociais precisamente para esse efeito, foi ontem forçado a excluir 23 artigos do seu espólio de fake news, depois de uma auditoria interna ter descoberto que um de seus repórteres havia fabricado uma quantidade enorme de fontes e citações.

A agência de notícias tem uma secção inteira de seu site dedicada à 'verificação de factos' e é usada pelo Facebook para controlar a veracidade das histórias publicadas por outros media, que a partir dessa referência de "credibilidade", reduz ou amplifica o alcance dos conteúdos, no que constitui uma forma de censura de baixa intensidade.

No entanto, parece que o USA Today deveria ter dedicado mais recursos à verificação dos factos antes de publicar os seus próprios conteúdos. Na Quinta-feira passada, perante os resultados alarmantes da auditoria, o jornal acabou por confessar que:

“A repórter de notícias de última hora do USA Today, Gabriela Miranda, fabricou fontes e usou inapropriadamente citações descontextualizadas para construir as histórias."

Os 23 artigos que foram removidos por não atenderem aos “padrões editoriais” do jornal incluíam peças que criticavam a Rússia no contexto da invasão da Ucrânia, a proibição do aborto no Texas e os detractores da vacinação contra o covid-19.

Miranda, que agora renunciou ao cargo, “tomou medidas para enganar os auditores, ao produzir provas falsas de sua recolha de informação, incluindo gravações de entrevistas falsas”, segundo o New York Times.

A auditoria revelou ainda que alguns indivíduos citados não eram afiliados às organizações a que eram associados nos textos e pareciam ser inventados. Além disso, algumas histórias incluíam citações que foram erradamente creditadas.

O USA Today também foi forçado, recentemente, a excluir às pressas uma série de tweets que normalizavam a pedofilia, afirmando, falsamente, que existiam dados científicos conducentes à validação da tese de que a atracção sexual de adultos  por crianças seria “determinada no útero”.

O jornal também foi criticado depois de "verificar" como "verdadeiras" as alegações de que uma camisola oficial da campanha presidencial de Trump, em 2020, apresentava um símbolo nazi. Nunca se encontrou qualquer ecvidência deste "facto".

Em Fevereiro do ano passado, o USA Today publicou um editorial que denunciava Tom Brady por ser branco e por se recusar a negar o seu apoio a Donald Trump.

O jornal também teve que demitir a sua editora de "raça e inclusão", Hemal Jhaveri, depois de ela responsabilizar, erradamente, pessoas de raça branca por um tiroteio num supermercado.

Para um órgão de comunicação social com reputação de "Fact Checker", o USA Today comete muitas liberdades com a verdade dos factos.