Só em sociedades totalitárias é que dados estatísticos como estes, que são públicos e acessíveis e que são semelhantes numa enorme quantidade de países, podem ser ignorados.
Só quando a imprensa, os sistemas judiciais e os aparelhos políticos foram em absoluto tomados por poderes de volição ditatorial é que é possível a impunidade aos responsáveis pelo cataclismo humanitário e pela total falência da competência, da razão e da virtude.
Só quando os cérebros dos cidadãos são lavados ao ponto da total incapacidade de discernir a verdade é que é possível aos criminosos continuarem a ocupar as posições de poder que detinham quando cometeram estes crimes.
É por estas e por outras que acho sinceramente que já tudo está perdido. Atingimos há muito, sem nos apercebermos sequer, o ponto de não retorno. Aqueles de nós que ainda se batem pelos valores da liberdade individual, do estado de direito, das garantias constitucionais, das repúblicas democráticas e dos mercado liberais estão a travar uma guerra que foi perdida algures entre a última década do século XX e a primeira do século XXI.Here’s the one she made for Japan back in June pic.twitter.com/1RN7FmkFE8
— Kate (@KateTalksTruth) October 15, 2022
Hiroo Onoda, o último soldado do exército japonês da II Guerra Mundial a depor as armas, rendeu-se em 1975. Saiu esquálido e alienado e fantasmático, mas ainda fardado a rigor, das trevas da selva da ilha de Lubang para se entregar às autoridades filipinas. Às vezes sinto-me como Onoda. Quando olho para gráficos como este, fico com a convicção que insisto numa batalha que já foi pacificada. Que toda a gente já se rendeu há décadas. Que persisto sozinho num quixotesco duelo com o vento da história.