Ainda vamos a tempo?

É por estes dias tão flagrante a propaganda, e tão grosseira, que começa a ser muito difícil, mesmo ao gado mais ceguinho, fingir que não se passa nada. Lenta, mas paulatinamente, as pessoas estão a perceber que a realidade é completamente sujeita a um obsceno transformismo pelos media. Em certo sentido, os operadores do mainstream, no seu fanático e excessivo desespero de causa, até estão a contribuir para a iluminação das massas. Mas este género de boas notícias trazem sempre o mesmo problema agarrado: agora pode ser tarde demais para acordar. Até porque, se o excesso de zelo ideológico consegue ser contraproducente, também é muito possível que derive da soberba de quem sabe que detém, com vigor absoluto, as cordas do poder.