sexta-feira, junho 23, 2023

Sobre ofensivas, contra-ofensivas e desfechos últimos.

O juiz Andrew Napolitano e o perito militar Scott Ritter têm aqui 30 minutos de conversa que são mais esclarecedores sobre o que se está a passar na frente de guerra da Ucrânia, do que cem telejornais seguidos. E uma coisa parece certa: a famosa "Ofensiva de Primaver" do regime Zelensky, que foi sempre uma iniciativa política, pensada para vencer no teatro mediático e não no teatro de operações, deu resultados materiais iguais a zero, apesar das baixas monumentais e da destruição de equipamento em grande escala. Agora, a iniciativa está do lado do Kremlin, que poderá aproveitar a fragilidade das forças inimigas para desencadear um ataque decisivo na região este da Ucrânia.

Não quero com o parágrafo inicial dizer que o conflito está perto da sua conclusão. No Ocidente, uma derrota não é admissível, pelo menos enquanto na Casa Branca viver quem lá agora vive. Mesmo que os russos cumpram os seus objectivos no terreno, terão sempre que lidar com o empenhamento cego e ensandecido das lideranças americanas e europeias e o correspondente aumento dos apoios financeiros e militares a Kiev, se tal é possível, dado o volume daquilo que já foi sacrificado. Deste lado da barricada, o que não faltam são vozes a defender a entrega de armas nucleares às forças ucranianas. E mesmo na Rússia já há quem defenda um ataque nuclear preventivo a centros de decisão na Europa e nos EUA, como medida incontornável para a sobrevivência da nação.

A única forma desta guerra acabar de forma convencional seria uma avanço russo até Kiev em modo blitzkrieg, que surpreendesse toda a gente. Mas as forças armadas russas não estão treinadas nem equipadas nem mentalmente preparadas para um esforço desse género, que de qualquer forma seria também terrífico, no que diz respeito à perda de vidas humanas, e que deixaria a Ucrânia completamente devastada.

No clip em cima, há um dado momento em que se revela um ponto importante, que não é dito com a  frequência necessária: mesmo em plena guerra fria, seria impensável que uma das super-potências em confronto desencadeasse, apoiasse e financiasse declaradamente e à vista de toda a gente uma guerra numa nação que fizesse fronteira com o inimigo. É preciso lembrar que por muito menos do que aquilo que está a acontecer na Ucrânia - a crise dos mísseis de Cuba - estivemos perante o abismo do apocalipse.

É por isso, mas não só por isso, que eu tenho escrito aqui no blog e também no Contra que a humanidade nunca esteve, como está hoje, tão perto de uma guerra termonuclear.