Rasguei uma página do Moleskine.
Carne
Viva.
Darwin não explica
Os concertos
De Brandenburgo.
Einstein não equaciona
A improbabilidade
Do ser.
E Heisenberg está incerto
Sobre a beleza
Do mundo.
O cosmos é a obra prima.
O resto são
Orações.
A Marinha portuguesa
É uma potência marítima.
(Na baía minúscula).
Nem acredito que estou a pagar
Este aparato de canhões
Calados.
Telescópio.
Começas a ver o céu
De outra maneira.
Todo o haiku é um elogio
À magnífica obra
De Deus.
Há quem consiga viver
Sem música
(Subo o volume).
Até a Marinha aprecia
O luar que a noite
Faz.
Gostava de saber lidar
Com a dor
Como Marco Aurélio.
O Álvaro
É o meu melhor
Amigo.
O sino da minha aldeia
É mais de aldeia
Que aquele que o Pessoa cantava.
Até porque no Chiado
Ninguém tem vista
Para o abismo.
Entre mim e o Fernando
Vai sempre haver
Sexo.
No outro dia sonhei com ele.
Dava-me um abraço
No céu.
Afinas as lentes,
Ajustas o foco e vês
As rugas da Lua.