Muito para além da abominação da cerimónia de abertura, da insegurança nas ruas, dos assaltos a atletas e violações de turistas, dos ataques às infraestruturas de mobilidade que se registaram no fim de semana passado e da massiva presença policial que é própria de um regime autoritário e decadente, estes jogos olímpicos são excessivamente caricatos para acontecerem num mundo normal.
Só mesmo nos tempos esquizofrénicos em que vivemos é que os atletas são condicionados a dietas vegetarianas e a derreter em quartos sem ar condicionado (para salvar o planeta). Só mesmo nesta especialmente insana época que experimentamos agora é que os atletas são obrigados a dormir em camas de cartão e chegam atrasados às provas por disfunção do sistema de transportes (que são sustentáveis primeiro e eficientes por último), ao ponto de certas equipas terem recusado permanecer na aldeia olímpica.
Isto já para não falar do cúmulo woke do Comité Olímpico, que achou por bem permitir que homens espanquem mulheres nos rings de boxe.
Os Jogos Olímpicos de Paris 2024 vão ficar para a posteridade como os Jogos da discórdia, da disfunção, da arrogância, da distopia. E nesse aspecto talvez sejam, às gerações vindouras, de utilidade inequívoca, funcionando como um manual de normas sobre tudo o que não deve ser feito, nem dito, quando se organiza um evento deste género.