sábado, setembro 21, 2024

Haikus de antes da guerra #02


 

Hoje em dia
Ser de companhia é extremamente
Perigoso

 

A estupidez
É uma espécie
De terrorismo


Há invisuais
E depois há cegos
Que julgam ver


Mesmo sem fé
Estou a apostar tudo
Em Cristo


O pior vai ser
Quando for
Tarde demais


Estou a ler
Ecclesiastes e daí
O tom soturno


As velas escondem
Os desvios
Da ortografia


Quente noite de Setembro -
Até as gaivotas
Transpiram


Ao domingo a baía
Enerva-se -
Fico na falésia


É bom ouvir no sossego
O barulho que faz
O bulício


 

A marinha alemã
Ancorou na baía
- Intromissos


Traição - 
As tuas forças armadas não defendem
Os teus valores


Insegurança -
É a corveta alemã que patrulha
as águas do meu país


Tragédia -
A Costa Azul está agora ao cuidado
Da corveta germânica


A tropa da Europa
É uma anedota
De caserna


Comandos woke -
Ganham batalhas
Com ataques de pânico


Antifa -
A mais bem sucedida guerrilha
De cobardes


É possível mudar o mundo
Com um ataque
Histérico

 

O Keir Starmer quer ser
Lenine quando for
Grande


Se o Macron mandasse
O anús de cada um
Seria propriedade do estado

 

Paro de gritar
Quando for
Representado

 


 

Cristo não escreveu
Um parágrafo -
Eloquência


A palavra dita
É efémera -
Ou perpétua


A oralidade
Pode transformar-se
Em tinta


São tantos os haikus
Que o caderno
Engorda

 

A minha cadela faz mais amigos
Do que me é
Conveniente


Saúdas a patente -
O Álvaro só faz continência
Ao Cenoura


O Cenoura é patrão -
Gaivotas e ratos
Em pânico


Estreito moleskine -
O haiku colide
Com a biografia de César


Fosse a noite mais agradável
E Deus estava aqui a beber um copo
Comigo