Sendo certo que o favorito à vitória em Madrid continua a ser o mesmo ciclista que já era apontado como putativo vencedor à partida - Primoz Roglic - a verdade é que o facto do pelotão ter deixado Ben O'Connor sair numa fuga, logo na sexta etapa, para somar uma vantagem de mais de cinco minutos sobre os seus directos adversários, trocou as voltas a toda a gente e o australiano mantém neste momento uma vantagem de mais de um minuto sobre o esloveno, sendo que o top 10 da competição tem toda a gente separada apenas por cinco minutos, com grandes atletas como Eric Mas, Richard Carapaz e Mikel Landa separados por menos de um minuto e uma incerteza grande sobre o que vai acontecer na terceira semana.
Mas a razão fundamental deste texto nem é essa. Estou a escrever estas linhas para destacar o final da etapa de ontem, domingo, no cume do Cuito Negro, uma ascensão nada menos que cruel, com cerca de 20 kms, sendo que os últimos 3 tinham pendentes superiores a 20%...
Esta parte final da subida foi atacada por dois ciclistas, Pablo Castrillo e Aleksandr Vlasov, que já vinham numa fuga de cerca de oitenta quilómetros e ainda tiveram pernas para se degladiarem pelo muro acima, numa impressionante e emocionante e realmente espectacular manifestação de atleticismo e capacidade de sofrimento, para a qual tenho dificuldade em encontrar paralelo - e eu sou adepto da modalidade desde os anos 90 do século XX. Foi uma coisa linda de ver, mesmo.
Castrillo, um jovem de 23 anos que era um desconhecido antes desta edição da Vuelta ter início, mas que já tinha ganho uma etapa aqui há uns dias e dá toda a ideia de ser um ciclista de primeira água, acabou por levar de vencida Vlasov e surgir triunfador no nevoeiro, mas é impossível não congratular os dois pelo esforço hercúleo, dir-se-ia sobre-humano com que presentearam a plateia global.
Se não, vejamos: