A teoria de unificação da física com mais proponentes no mainstream académico tem sido, nos últimos 30 ou 40 anos, a Teoria das Cordas. Entre muitos outros imbróglios filosóficos, a Teoria das Cordas, para ser minimamente coerente, pressupõe uma infinitude de universos, cada uma com características diferentes, sendo que essas características variam infinitamente e sendo que todas essas variações são possíveis. As consequências desta maneira de pensar o Universo são até divertidas, porque, por exemplo, se perguntares a um físico ateu que seja adepto desta cosmologia se existe um universo que tenha sido criado pelo Deus católico, ele dirá que sim, porque todas as possibilidades são plausíveis.
É claro para todos aqueles que não investiram a sua carreira nesta teoria que ela tem problemas: não é demonstrável, não é falsificável, não reflecte a realidade do nosso universo, tem dimensões a mais e evidências empíricas a menos, e como fundamento racional apresenta apenas a sua formulação matemática, que é elegante, sim, mas apenas isso. E ao contrário do que te andam a dizer há um século, uma equação matemática não tem que ser bonita para ser verdadeira. Nem que seja pela evidência semântica de que o belo não é quantificável, e o que é belo para um matemático, pode ser feio para outro matemático.
E assim sendo, já há muito que a morte da Teoria das Cordas estava a ser anunciada por muito boa gente, apesar de milhares de académicos em posições de poder nas universidades de todo o mundo lutarem desesperadamente contra esse falecimento.
Acontece que, há coisa de seis horas atrás, caiu no Youtube um objecto mediático que enterra em definitivo a validade da Teoria, mesmo que ela ainda esteja viva e a espernear em estertores de agonia nos corredores das academias.
A afirmação é de louvar, num homem que dedicou a sua vida à causa e que é famoso por isso. É preciso ter coragem para chegar aos 84 anos e renegar a própria carreira. Principalmente quando vai fazer inimigos muitos, mesmo no seu círculo mais próximo da Universidade de Stanford.
E a explicação que o célebre físico dá, complexa, pode resumir-se numa ideia central, que é afinal muito simples: a matemática da Teoria das Cordas não descreve o mundo em que vivemos nem o universo observável. Ponto.
E sendo certo que a ciência não é útil ao homem quando se dedica a estudar universos alheios à realidade ontológica humana, podemos chegar à conclusão que a Teoria das Cordas é, sobretudo, inútil.
Paz à sua alma e que descanse em paz.
Uma última nota: não é por acaso que Susskind decidiu render-se às evidências no canal Theories of Everything With Curt Jaimungal. O rapaz deve ser neste momento o mais relevante youtuber na área das ciências e as suas conversas densas e desassombradas, de longo formato, com muitos dos mais proeminentes, e alguns dos mais rebeldes, cientistas da actualidade projectaram-no para um patamar de divulgação científica que dificilmente será rivalizado por outro alguém, no presente perfeito.