Um gangue de imigrantes ilegais venezuelanos, armados até aos dentes, tomou conta de um condomínio privado de classe média em Aurora, Colorado, ocupando apartamentos e tomando os residentes como reféns. Foram precisos dias para que as autoridades conseguissem dominar o gangue e restabelecer a ordem. A imprensa corporativa, como sempre, começou por negar o facto. Neste momento, está a desvalorizá-lo (mais à frente irá simplesmente normalizar a circunstância). E neste ciclo de desvalorização mediática da ocorrência, uma propagandista da ABC vira-se para JD Vance, o candidato republicano a vice-presidente, e pergunta-lhe qualquer coisa como isto: Considerando que se tratou apenas de um punhado de apartamentos, não está a campanha de Trump a exagerar a gravidade da situação?
Afinal, que importância tem a ocupação violenta de propriedade privada por um grupo de marginais estrangeiros que entraram ilegalmente pela fronteira escancarada do México?
Diz isto a rapariga que vive num bunker luxuoso de vinte milhões de dólares, guardado por uma equipa de veteranos da guerra no Afeganistão 24 horas por dia, 365 dias por ano, em Arlington, Virginia, uma das áreas com mais baixos índices de criminalidade dos Estados Unidos da América.
Vance responde-lhe com a calma e a educação que a apparatchik não merece de todo. E Glenn Greenwald comenta o episódio trágico-cómico com a pertinência e a sensatez do costume.