São momentos como este que dão que pensar. A classe política no Ocidente está de tal forma distante dos cidadãos, a guerra aberta entre as elites e as massas chegou a um ponto de tal forma extremo, que qualquer circunstância trágica, como no caso as cheias de Valência, podem espoletar rapidamente uma explosão de violência sobre "as autoridades".
Pedro Sánchez esteve aqui muito perto de ser linchado.
🔴 Increpan y lanzan objetos al coche de la comitiva de Pedro Sánchez abandonando Paiporta: "Hijo de pu**, asesino, baja"
— EL ESPAÑOL (@elespanolcom) November 3, 2024
👉 Decenas de ciudadanos valencianos han increpado e impedido la salida del coche de la comitiva del presidente del Gobierno pic.twitter.com/6XP9Jmzvka
O problema é que a reacção das elites globalistas a situações deste género será, entre o terror e a raiva, invariavelmente a do afastamento ainda mais pronunciado da realidade e do sentimento e da experiência existencial dos povos.
Sánchez reagiu como o crápula que é e, para além de fugir rapidamente, deixando o rei a sós com a multidão enfurecida, em vez de reconhecer que a resposta do seu governo à catástrofe foi demorada e ineficiente, em vez de tentar entender a fúria e o luto, em vez de calar o ressentimento, decidiu insultar os cidadãos revoltados.
Depois deste susto, pensará sempre duas vezes se é boa ideia dirigir-se a locais atingidos por qualquer tipo de calamidade em Espanha. E os espanhóis vão odiá-lo ainda mais por isso.
Convém lembrar que Pedro Sánchez perdeu as últimas legislativas, negociando uma amnistia com radicais independentistas catalães, de forma a conseguir uma maioria que lhe permitisse permanecer no poder.
Convém lembrar que os protestos que incendiaram Madrid a propósito desse acordo vergonhoso e que se prolongaram por mais de duas semanas, foram infiltrados por agitadores e esmagados pela polícia de choque com gás lacrimogéneo e balas de borracha, ferramentas de supressão de motins de que as autoridades nunca fizeram uso nos piores dias das manifestações violentas do movimento independentista na Catalunha.
Convém lembrar que a propósito da acusações de corrupção que recaíram sobre a sua mulher, Sánchez procurou acabar com a independência do poder judicial em Espanha.
Convém lembrar que a agenda do actual primeiro-ministro espanhol é profundamente anti-cristã e favorável ao aborto descontrolado, à eutanásia até para doentes mentais, passando por cima das normas constitucionais do reino.
Estes detalhes, característicos do liberal-leninismo das elites, vão-se somando até à ruptura social. Depois, é só acontecer um 'momento Antonieta', como aquele que quase ia sucedendo em Valência, para que as coisas tomem rapidamente um rumo dramático.
E um rumo dramático tomarão, se nada de substancial mudar na Europa entretanto.