domingo, janeiro 19, 2025

Coulthard, Barber e o ovo alienígena: A revelação que não foi.


O tão esperado programa de Ross Coulthard em que ia ser revelado um UAP a ser resgatado pelo governo americano foi para o ar hoje.

Como era expectável tratou-se de um flop. Ross Coulthard é um jornalista credível e reputado, que faz decerto o trabalho mais honesto que consegue. A testemunha ocular, ou informador, Jacob Barber, tem um currículo militar impressionante, que é legitimado por outros oficiais, e parece razoavelmente sincero. As imagens vídeo de transporte de um UAP oval são interessantes, embora não constituam na verdade aquilo a que os americanos chamariam uma arma fumegante.

O problema porém é que o programa foi de tal forma publicitado pela News Nation, que depende imenso do fenómeno UAP e do trabalho de Coulthard para manter as audiências a um nível sustentável, e de tal forma proposto como um momento chave na revelação da verdade sobre o assunto, que as expectativas eram exageradas em relação ao produto documental que foi emitido.

Até porque na verdade o programa não trouxe nada de novo. Acrescenta apenas mais um testemunho e mais uma evidência videográfica ao vasto arquivo de testemunhos e evidências videográficas que o estudo do fenómeno tem constituído, ao longo de décadas. 

O testemunho de Barber é mais um entre muitos que cristalizam esta narrativa: O governo federal americano recupera engenhos de origem não humana. Alguns desses engenhos são de fabrico humano, produto de engenharia reversa a partir de destroços de outras naves alienígenas. O contacto próximo com alguns deste engenhos, os de origem não humana - presume-se, impacta seriamente as testemunhas/vítimas ao nível fisiológico tanto como psicológico.

Mas isto, por si só, não vai convencer os cépticos nem vingar os crentes. 


 
Não deixa porém de ser um documento pertinente para quem se interessa pelo fenómeno, principalmente o segmento sobre a intensa experiência sensorial/emocional de que
Barber fala, quando tentava resgatar um objecto não identificado.

A afirmação do veterano da marinha de que estes objectos não identificados provêm do interior da terra e do fundo dos mares ou lagos é também digna de nota, problematizando a questão da verdadeira origem do fenómeno, que pode muito bem ser, contra-intuitivamente, terrestre.

Barber tem de facto o perfil de um homem de acção, típica figura da elite militar norte-americana, e parece estar a falar sobre experiências que viveu realmente. Mas no fim do programa acontece algo que prejudica a sua credibilidade, quando faz uma espécie de product placement, promovendo agressivamente um bizarro projecto que lidera sobre detecção e controlo por telepatia de UAP's, cuja natureza não foi claramente verificada por Coulthard e sem que se saiba, por exemplo, quem é que está a financiar a iniciativa.

E é como quase sempre, neste tipo de situações de aparente revelação do fenómeno: um detalhe surge que nos obriga às reticências.

E nem que seja por essa constância de elementos perturbadores em histórias que parecem credíveis à partida, o dever intelectual que temos é o de guardar lugar para a dúvida razoável.

Barber, como Elizondo, como Grusch, entre outros informadores, não são informadores nenhuns. Talvez seja preferível chamar-lhes porta-voz, porque são elementos ligados ao Pentágono que na verdade dizem apenas o que estão autorizados a dizer. Vieram a público reforçar a tese de que os Estados Unidos operam programas de resgate de tecnologia não humana, mas há que ter atenção a este facto: o termo 'não humano', que se refere ao acronimo NHI (Non-Human Intelligence) não implica necessariamente 'alienígena' ou 'extraterrestre'. 

E ao dizerem apenas aquilo que estão autorizados a dizer, cumprem uma agenda. Mesmo que eles próprios ignorem a natureza desse desígnio último.

Convém alertar que, mesmo que este fenómeno seja real, mesmo que seres de outro lugar cósmico, intra ou extradimensional, possam manter uma relação de observação e/ou interacção com a civilização humana, o facto pode perfeitamente ser conduzido segundo objectivos políticos e propósitos nefastos, independentemente até da volição das entidades não humanas.

Seja como for, continuo mais inclinado a crer que estamos a assistir um fenómeno espiritual, que não tem nada a ver com alienígenas vindos do espaço sideral.

Entretanto, Richard Dolan faz a digestão de tudo isto, com a sensatez que se lhe reconhece.