Sobre o processador quântico da IBM, as opiniões divergem entre o cepticismo, a euforia e o pânico. Mas uma coisa é certa - estamos a falar de uma tecnologia que:
- Não dominamos completamente;
- Tem um comportamento deveras bizarro.
Não dominamos completamente porque os próprios engenheiros da IBM reconhecem que não percebem bem como é que a máquina funciona e - mais arrepiante - em que é que ela está a pensar.
Tem um comportamento deveras bizarro porque, aparentemente, é capaz de dar resposta a um problema, antes do problema ser colocado, invertendo por completo a relação de causa e efeito.
Uma coisa é um sistema processar zeros e uns simultaneamente. Outra coisa é manifestar-se de forma paranormal. E o Majorana 1, se aquilo que os engenheiros da IBM têm dito sobre o seu protótipo for factual, produz fenómenos poltergeist em quantidade apreciável. Até porque, pelos vistos, se manifesta como um "inteiramente novo estado da matéria".
A couple reflections on the quantum computing breakthrough we just announced...
— Satya Nadella (@satyanadella) February 19, 2025
Most of us grew up learning there are three main types of matter that matter: solid, liquid, and gas. Today, that changed.
After a nearly 20 year pursuit, we’ve created an entirely new state of… pic.twitter.com/Vp4sxMHNjc
A solução 'topológica' para estabilizar os estados quânticos, primeiro obstáculo que a engenharia destes processadores qubit tem que ultrapassar, parece funcionar, mas a tradução de produto informacional derivado de moléculas topologicamente organizadas para um ambiente não topológico apresenta problemas teóricos e talvez por isso, o carácter esquizofrénico do comportamento do sistema, que enquanto faz o processamento da informação aproveita para alterar o tecido da realidade, funcionando, há quem especule, como um portal para universos paralelos ou realidades espaço-temporais divergentes.
O Majorana parece alterar os seus próprios resultados retroactivamente, depois de os apresentar e, estranhamente, os seus estados quânticos recusam-se a colapsar, persistindo na superposição, em insolente desacordo com as leis da Física.
Com afirmou um dos engenheiros do projecto, "é como assistir a uma máquina de calcular a argumentar consigo própria. E a ganhar o argumento."
A incerteza sobre o impacto nas nossas vidas e no mundo resultante da massificação de um processador destes, que ainda por cima tem um potencial de escalonamento brutal, é excessiva para evitarmos franzir o sobrolho. O que sabemos como certo historicamente, por exemplo, pode estar errado, quando voltamos a olhar. As memórias que temos podem de repente desalinhar-se com o passado concreto, que foi entretanto alterado por uma espécie de editor cósmico, que perece ignorar o factor tempo e, de uma maneira geral, os axiomas da mecânica das partículas.
Se calhar o melhor seria fecharem já, a sete chaves, esta caixa de Pandora. Não é isso, porém, que vai acontecer e a corrida para a industrialização de um processador de 1 milhão de qubits está lançada.