sexta-feira, janeiro 08, 2021

A inevitável contra-revolução.

Missouri lawmakers react to protests in Washington | KSNF/KODE -  FourStatesHomepage.com

O que aconteceu na terça-feira, 6 de Janeiro, em Washington não pode surpreender ninguém. E muito menos pode surpreender quem tem a paciência de acompanhar este blog. O tag "Guerra Civil Americana" tem só 89 entradas e eu escrevo sobre a alta probabilidade do levantamento popular na América já há muitos anos.

É fácil condenar a violência, o vandalismo e o niilismo da turba, mas eu não gosto de facilidades e por isso prefiro falar das razões que levaram milhares de pessoas a invadir o Capitólio, num movimento irado que deixou 4 cadáveres no chão de mármore da sede da democracia americana. 

A classe média não urbana americana tem sido sujeita, nos últimos 12 anos, a uma mordaça ideológica e económica sem paralelo na história do país, perpetrada pelas elites instituídas, patrocinada pelas big tech de Silicon Valley e pelos bilionários globalistas e agudizada em 2020 com os despropositados e draconianos confinamentos e os motins da esquerda radical, sancionados pelos media e por toda uma falange de políticos marxistas que promoveram o caos como arma política.

A utilização de métodos totalitários como a censura, a coação e a incendiária divisão racial tem sido uma constante e para que a tempestade, já de si perfeita, ganhasse contornos épicos, as eleições de Novembro, escandalosamente manipuladas pelos media e pelas redes sociais e completamente corrompidas por  agentes radicais infiltrados no processo de contagem dos votos, deixaram metade dos cidadãos com a convicção de que vivem afinal numa república sem lei nem instrumentos de representação da sua vontade, onde os valores, os direitos e as liberdades que foram ensinados a venerar e que estão na origem social e fundamentação constitucional do país, foram definitivamente anulados. Para muitos dos que ontem se manifestaram em Washington, não parece existir outra saída para além da rebelião. Não há solução para além da violência.

Mais a mais, aqueles que agora gritam contra esse recurso à violência, são basicamente os mesmos que a louvaram durante todo o ano de 2020, enquanto foi interpretada pelas milícias da Antifa e do BLM. A violência, por si, não é um mal. Tudo depende de quem a implementa. Os motins, as pilhagens, os incêndios, os mortos e os feridos desse movimento imparável da esquerda radical foram saudados e financiados por capitalistas e jornalistas, tecnocratas e atletas e actores e toda a espécie de gente que odeia na verdade o país em que vive, apesar dos privilégios incríveis que o país lhes proporcionou. Esquecidos agora desse terrível entusiasmo, preparam com fervor a vingança contra a inevitável reacção dos que têm sido preteridos e insultados e mentidos e empobrecidos e enclausurados na grande bolha dos deploráveis - gente de segunda categoria que não tem direito à divergência, nem legitimidade para cumprir o seu destino.

Daqui para a frente, as coisas só vão piorar, claro. O establishment não mostra sinais de querer parar o processo totalitário em curso, pelo contrário, nem parece preocupado com a divisão abismal e terminal polarização da população americana. De certa maneira, os acontecimentos de terça-feira servem às mil maravilhas à revolução neo-marxista. Os dissidentes vão ser tratados como terroristas. O partido Republicano vai distanciar-se ainda mais do seu eleitorado. Trump pode acabar por ser preso. Há congressistas não alinhados que vão, muito provavelmente, ser expulsos do Capitólio. As redes sociais vão apertar ainda mais o cerco à liberdade de expressão. O panorama político vai ficar ainda mais fechado numa unanimidade pavorosa e politicamente correcta. As rupturas e os ressentimentos vão grassar, de um lado e do outro do horizonte político. Mais tarde ou mais cedo, surgirá a secessão. E, com ela, o fim da civilização ocidental como ainda a entendemos.

Deus queria que eu esteja errado.