sábado, dezembro 13, 2025

No olho da tempestade.

Matt Walsh está precisamente no centro do furacão que está a sacudir, talvez fatalmente, a direita americana. Por um lado tem Ben Shapiro como patrão. Por outro, é amigo de Candace Owens e de Tucker Carlson. Por um lado é um conservador sensato, por outro é um populista radical. 

E, o que é mais, parece ser um tipo com princípios, e teimoso sobre essas convicções fundamentais, ou seja: será incapaz de trair os seus amigos, mesmo que disso dependam os muitos milhões que o Daily Wire lhe paga.

Nesta conversa com Tucker, a segunda no espaço de sete meses apenas, Matt tenta o difícil equilibrismo de um apelo à concórdia, mas todos sabemos, mesmo ele, que a concórdia é uma miragem utópica. A direita americana está irremediavelmente dividida entre neoconservadores sionistas (e sicofantas como Tim Pool), e os outros todos; sendo que mesmo entre os outros todos há divisões brutais (como entre Candace Owens e Nick Fuentes, por exemplo).

Como já várias vezes aqui afirmei, Walsh é o único protagonista do elenco do Daily Wire que merece a minha consideração, por muitas razões que este texto não serve para enumerar, mas principalmente porque colocado numa circunstância deveras armadilhada, tem conseguido manter alguma integridade.

Sabendo que Shapiro, fragilizado pelo seu draconiano e radical sionismo - que é antiético para o americano comum contemporâneo, nas faixas etárias abaixo dos 40 anos - não se pode dar ao luxo de perder a única estrela do seu elenco que é capaz de se desalinhar, mesmo que moderadamente, do eixo Telavive-Washington, Matt vai prosseguindo paulatinamente com a sua missão crítica, concedendo aqui e ali a interesses que não subscreve completamente, mas mantendo a sua voz razoavelmente impoluta.

E isto não é dizer pouco, considerando a bestialidade da guerra intestina que por estes dias consome o conservadorismo e o populismo americanos.