Os Interpol são incapazes de fazer as coisas mal feitas, e ainda 
continuam a editar boa música. Mas foi nestes primeiros anos do século 
XXI que o seu timbre grandiloquente, quase apocalíttico e profundamente 
fatalista, caiu melhor no meu ouvido, sabe-se lá porquê. Ainda assim, é difícil escolher um entre os primeiros três discos desta intrépida banda de Nova Iorque. Escolho o segundo porque é quase perigoso: 
progressivo até ao limite da sensatez, tocado com o prego a fundo, do 
princípio ao fim um acto de fé no puro poder da electricidade, Antics é 
uma obra composta para acelerar as sombras do mundo. 
Temas como "Not Even Jail", "Narc", "Take You On a Cruise" ou "C'mere" 
ainda hoje me arrepiam, quando volto a ouvi-los. São elegíacos e 
tristes, poderosos e destrutivos, pequenas odisseias pelo melancólico e sombrio itinerário da alma humana.  
Sobre o segundo disco que mais gosto dos Interpol, "Our Love to Admire", já escrevi, em 2007, o que tinha a escrever, aqui.

