quinta-feira, março 11, 2021

A discoteca da minha vida #84: "LCD Soundsystem", LCD Soundsystem


O primeiro disco do nova iorquino James Murphy não podia vir mais a propósito: "Daft Punk is Playing at My House", talvez o mais icónico tema deste seminal trabalho de 2005, rende homenagem à recentemente extinta e para sempre gloriosa dupla francesa enquanto ilustra esplendidamente o tom eletrónico, computorizado, pensado para triunfar no apogeu das raves clandestinas que eram a moda da altura. Mas todo o disco é um prodígio minimal e assumidamente repetitivo, uma coisa neo-punk-para-pista-de-dança, objecto dadaista que soava e cheirava a algo de inédito, festival de loops simétricos e refrões perpendiculares que passaram rapidamente a viver no Eliseu dos dj's de todo o mundo.
Os LCD Soundsystem são um fenómeno de culto, claro. Mas há qualquer coisa de universal aqui. Qualquer coisa que transcende a lógica de um momento, a conveniência de uma moda, a resignação a um trend. E essa qualquer coisa entra nos ouvidos como um grito experimental, uma voz rebelde, um acorde descontínuo.