sábado, julho 24, 2004
Arte contemporânea é Arte Nova?
Pelos vistos, também é. Senão vejamos: Fernando Aguiar expõe, numa salinha pequena do Museu Nacional do Traje, ilustrações que reflectem a tipologia estética de transição entre o século décimo nono e o vigésimo, submetidas a um genial trabalho de tipografia em que a letra deixa de ser semântica para ser exclusivamente, despreocupadamente, sintaxe. Quero eu dizer que a inquietação própria da epistemologia da arte actual encontra, neste cantinho, atitudes de lucidez artística. De insolência filológica. De impulso universalista. O autor chama-lhe Poesia Visual. Eu prefiro falar de Coragem Gráfica. Peço-vos encarecidamente, caros e necessariamente escassos visitadores deste blog: da próxima vez que passarem no Paço do Lumiar, façam uma pausa de 5 minutos, estacionem o automóvel (é logo à esquerda de quem entre pela Padre Cruz e tem um pequeno mas suficiente parque de estacionamento) e procurem pela exposição "A Poética e o Traje". Está patente até ao fim de Setembro e trata-se de uma mostra especialmente sedutora para designers gráficos, mas é importante para todos saber que a arte contemporânea também se reinventa aqui, no último país do Ocidente. Grande, enorme, impossivemente possível Fernando Aguiar!