segunda-feira, julho 19, 2004
A vila da vergonha.
Lars Von Trier está para o cinema como Arthur Schopenhauer para a filosofia: cientistas do colapso da alma humana, ambos assumiram com determinação implacável a ambiciosa missão de erradicar da consciência qualquer vestígio de esperança. E se, quanto à boa prossecução deste propósito, podemos apontar uns poucos equívocos e outras escassas ineficiências à sabedoria de Arthur, o certo é que Lars parece muito mais competente. Se alguém ainda tem dúvidas sobre a condenação última da humanidade à mais miserável condição moral, Dogville é a obra lapidar. Um manual de normas para reduzir a cinzas a vaidade do Homem. E só para testemunhar o desempenho de Nicole Kidman no papel de Jesus Cristo vale a pena ver o filme dez vezes.