quinta-feira, setembro 09, 2004

Os Sonetos da Cidade Fantasma - Canto III


Uma cidade assim calada de buzinas,
sem os escapes abertos das motoretas,
é terra sagrada para anjos e poetas,
santo silêncio para jograis e ardinas.

Até esse bairro chique de Alvalade
(sempre tão ufano, tão sofisticado),
ficou deserto, quase envergonhado,
do tempo em que suava de vaidade.

E o Largo do Município sem limusinas,
sem fato nem gravata, mudo e calado,
seria um triunfo para as varinas!

Por isso digo e repito: foi de esteta
a manhã em que acordei espantado,
para o espectro da cidade deserta.