Hoje o Expresso da Meia Noite dedicou-se evangelicamente às alterações climáticas. Os moderadores convidaram aquele proverbial senhor da Quercus, mais dois engenheiros do apocalipse e, para aparentar alguma decência deontológica, lá aturaram uma voz discordante, na pessoa do Engenheiro Rui Moura, que se fartou de rir (aliás, como eu). As chamadas alterações climáticas e os denominados aquecimentos globais e os apelidados degelos glaciares e esses alarmes todos de nomes sonantes e terrífico imaginário servem para vender jornais, enriquecer produtores de cinema, promover políticos, desenterrar carreiras científicas e assustar as pessoas (o que é um excelente negócio). Mas não servem rigorosamente para mais nada. E não servem rigorosamente para mais nada porque o homem do século XXI - com a sua presumida atitude de aprendiz de feiticeiro - não passa de um ser ignorante.
Sobre este assunto já tinha deixado algumas notas no Ocidental Praia, mas ainda assim sinto, como um dever, a responsabilidade de dizer o seguinte:
Primeiro: não é verdade científica que exista algo parecido com um aquecimento global. É verdade científica que existem áreas do planeta onde a temperatura sobe, como é verdade científica que noutras áreas os termómetros registam o inverso. Como muito bem disse o Engenheiro Rui Moura, o clima não é um fenómeno global, retirado de uma média matemática. O clima palnetário é antes um logaritmo complexo de variáveis regionais, cujo resultado é simplesmente ignorado por toda a gente.
Segundo: não é verdade científica que as calotes polares estejam a derreter. É verdade científica que existem áreas polares onde o gelo está a perder volume, como é verdade científica que noutras áreas polares o gelo está a ganhar volume.
Terceiro: qualquer tese que associe um eventual aquecimento das temperaturas à actividade humana (leia-se: libertação de carbono na atmosfera) está para a ciência como a astrologia está para a macro-física. Ainda me hão-de explicar estes sábios de manchete garantida como é que o carbono é um elemento perigoso num ecossistema primeiramente constituído de... carbono. Por outro lado, um recente estudo da NASA demonstra que as alterações da actividade solar determinam o ritmo da formação de nuvens na atmosfera, bem como a variação dos seus níveis de ozono. Este estudo do Dr. Petra Udelhofen ajuda-nos a perceber que o efeito de estufa e o consequente aquecimento global pode depender directamente da cíclica intensificação dos fluxos de radiação solar que atingem a terra e não da quantidade de dióxido de carbono libertada pela civilização humana.
Quarto: mesmo que as temperaturas estivessem a subir uniformemente e à escala global, mesmo que o gelo na terra estivesse a passar ao estado líquido, ninguém (ninguém mesmo) poderia realmente afirmar que tal situação não resultaria simplesmente de uma mutação climatérica natural, como já aconteceu tantas vezes na história do planeta. Que eu saiba, a última era glaciar, que ocorreu à 13.000 anos atrás, não se deveu ao desenfreado consumo de resíduos fósseis pela civilização humana, que na altura deambulava alegremente pela idade da pedra.
Este debate da SIC Notícias foi aliás paradigmático: confrontados com um aumento da temperatura de 0.6 graus centígrados nos últimos mil anos, os três "verdes" fingiram ignorar que é possível determinar as temperaturas do passado através do estudo das camadas geológicas e, assobiando para o lado, desacreditaram os números. Para estas mentes brilhantes, os números só prestam quando apoiam os delírios próprios (sobre os quais assentaram comodamente as suas respeitáveis carreiras). Para estas moderníssimas cabeças, os satélites - esses sim - é que evidenciam bem o cataclismo através de fotografias dramáticas sobre o estado do planeta, desconhecendo eu e - suponho - aqueles que têm juízo, com que fotos por satélite do ano 1905 ou do ano 1805 ou do ano 44 ou do ano 3.550 A.C. comparam eles estes dados de gravidade maluca.
A fraude do aquecimento global e das alterações climáticas é tratada em Portugal e não só, com a filosofia de redacção do jornal "O Crime" (até porque ningém vende jornais informando a audiência que o clima do planeta está benzinho, obrigado). Na dúvida (não cartesiana) injecta-se medo e mito na populaça. A propósito da vaga de frio (muito estranha em Janeiro) que foi ouro de primeiro quilate para as manchetes dos orgãos noticiosos todos, vi no outro dia, num destes momentos de apodrecimento da verdade a que chamamos telejornal, uma jovem inquisidora insistindo com um transmontano, enquanto lhe enfiava o microfone na boca: então o senhor não tem frio? E o Transmontano: não, menina, nós aqui estamos habituados a isto. E ela, já irritada: Mas não diga que não acha esta temperatura anormal! E o homem, pachorrento: Não, menina, Janeiro é mês de cieiro. A gente agasalha-se e dá mais madeira ao fogo. A menina, que deve ser de Faro e que, com o seu fatinho saia casaco de repórter a la minuta, estava naturalmente a morrer gelada, vira-se para a câmara e sem vergonha nenhuma na cara resume a história de um Inverno em Trás-os-Montes como não há memória, de tão gélido.
A memória de janeiros frios ou de verões tórridos, é, claro está, geracional, subjectiva, corrupta e principalmente: não científica. Sobre esta questão, como tantas outras, seria bom que mostrássemos alguma humildade. As flutuações climatéricas só podem ser encaradas com rigor no contexto dos milénios e nesse contexto, não há razões para alarme. E se não me acreditam, perguntem ao S. Pedro. Dada a total ausência de espírito científico em que vive o assunto, até ele me parece uma autoridade na matéria.