sábado, agosto 13, 2005

Ode ao Coentro

O mar das ameijoas sabe-me a seara lavrada:
bebo depois a sopa açorda - água de um moínho,
salpicada pelo tempero de um pico daninho.

Dizes-me coisas que voam pelo fluir da enseada
e confias em mim para me perder no caminho.
Essas aves são as palavras que bebo como vinho.

Conforta-me o gosto bravio da erva cozinhada
e o filete de pata roxa tem uma pitada de cominho.
É do teu lado da planície que a garça faz o ninho.

E quando se fecha a tarde no abraço da nortada,
é o aroma da flor que me chama, e eu entro
na tasquinha do Sr. António onde impera o coentro.