Feitas as tristes contas, o Furacão Katrina provocou 1033 mortos, contando os desaparecidos.
Então porquê a loucura dos 10.000 mortos projectados pela imprensa? É legítimo vender notícias assim?
É digno inventar vítimas para servir interesses? É aceitável agravar artificialmente as catástrofes por razões de ordem política e económica?
Cada dia que passa, os meios de comunicação social assumem com maior fanatismo a sua missão de instalar o medo, porque é o pânico global que faz o mundo rodar. E não há quem saiba ou possa contrariar esta perversa mania dos últimos dias que se instalou nas redacções, nos gabinetes editoriais e nos conselhos de administração. Toda a gente sonha com a manchete que traga a notícia do Fim e quanto maior a tragédia, mais profética a ficção.
A construção romanesca de ameaças biológicas e climátéricas, a transformação dos palcos de guerra em cenografias multimediáticas, a difusão de mitos apocalíticos, tudo serve para vender mais pomada para os calos da existência.
Os efeitos psico-sociais desta terrível tendência são devastadores. As pessoas vivem hoje sobrecarregadas com o fardo dos horrores do mundo e dos medos ciclópicos que trazem consigo e um suicídio em Sidney, um assalto em Los Angeles, um surto de Malária em Angola ou uma bomba em Bali bastam para preencher essa falsa expectativa da condenação eterna.
Para quando um poder que responsabilize este (quarto-primeiro) poder?