"Quanto mais estrangeiros vi, mais amei a minha Pátria."
-Dormont De Belloy-
Holandeses, ingleses e franceses, espanhóis, ucranianos e suecos perfazem todos, cabeça por cabeça, um verdadeiro rebanho de boas razões para se ser Português. Depois de a Selecção Nacional ter cometido apenas 3 faltas nos primeiros 45 minutos dos quartos-de-final (suprema bofetada na tromba imbecil da imprensa britânica), ainda vêm agora estas bestas contorcer-se em conferências de imprensa manhosas, cuidadosamente arquitectadas no balneário da indignidade humana e nas redacções dos esgotos de Paris. O que se pergunta e o que se responde, em combinado passo-de-tango-no-bordel, é discurso pestilento de gente verdadeiramente embrenhada na orgia da estupidez, de gente apenasmente assustada com a coragem que a malta das quinas tem demonstrado em campo. Este mundial tem enjoado bastante, no que diz respeito à falabaratice estrangeira.
A citação que ilustra este postal - e a minha indignação - é de um francês, bem sei. Mas todas as nações, por muito deficitárias que sejam em qualidade humana - e a França é um bastante exemplo de mediocridade - têm os seus génios de trazer por casa. Como patinho feio da Europa, Portugal não devia ter chegado a este patamar da competição. Eu percebo isso. Mas não poderiam todos estes turistas da treta que mostraram até aqui um futebolzinho envergonhado, velhote, sorporífero e cobarde (qualquer bardamerda eliminava aquele Brasil tristonho) fazer-me o favor piedoso de parar com os peidos mediáticos de quadrúpede metabolismo e vegetal inteligência? Por muito pouco natural que seja a presença da Selecção Portuguesa no sacrossanto beliche da elite do futebol mundial, não poderiam todos estes craques de polipropileno aparecer menos na televisão e aproveitar esse precioso bocado de tempo para ir mais aos treinos? Não poderiam poupar-se e poupar-me ao espectáculo excrescente da sua própria vilania?
Independentemente do que aconteça na meia-final, a conquista é já evidente e não tem nada a ver com futebol. Este mundial foi uma excelente maneira de tornar evidente aos portugueses que os países da grande civilização ocidental estão também consideravelmente infestados de sapiens da mais baixa condição. Que o problema da heroicidade ausente e da decadência das elites não é um exclusivo português. Que o nível da imprensa internacional está bem abaixo daquele que a muito custo ainda conseguimos manter. Que outros para além de nós também sofrem do caos filosófico, moral e operacional em que nos afundamos todos, neste antigo pântano de tribos fraticidas que é a Europa.