terça-feira, maio 15, 2007

A televisão é competitiva.

Às segundas-feiras não vale a pena marcar programa de copos. Nem desatar a editar o blog. Nem procurar motivos de espanto no you tube. É só jantar bem, abancar alarvemente no sofá e ligar a caixa que mudou um dia o mundo antigo. Pelas 21h30 temos a terceira temporada do House na Fox e sobre este assunto nem é preciso dizer mais nada. Logo que o Sr. Dr. acaba o diagnóstico é mudar para a 2 onde ao telespectador são oferecidos 45 minutos de êxtase. Qualquer ser humano que leu o Asterix quando miúdo, há-de tirar algum prazer da segunda temporada de "Roma", o melhor objecto televisivo desde o glorioso "Eu, Cláudio". Sobre esta série, também já editei para aqui algum post, mas devo repetir-me: trata-se de um soberbo mecanismo de cultura e de um esplêndido produto de entretenimento. Ainda por cima, e logo depois, no mesmo canal público (!), passa uma série documental absolutamente imperdível e singelamente designada por "A História de Deus". São só três episódios mas a coisa promete. Logo à partida, explica-se: a complexidade do sistema de transcendência evolui com a passagem do homem caçador para o homem agricultor, porque o caçador reza em função do acto isolado da caçada, o agricultor roga pela complexidade anual do clima. Lindo. O facto de esta série estar a passar num canal público português em pleno 90º aniversário de Fátima - um fenómeno que transcende a minha compreensão - é uma das razões pelas quais ainda me orgulho de ser cidadão europeu no século XXI. Porque se a ignorância humana é de lamentar, a inteligência e a coragem do bicho homem merece bem ser festejada. Há que ler Nietzsche todas as vezes que forem necessárias até deixar de acreditar em Deus.