segunda-feira, abril 20, 2009
Hoje é a minha conta bancária, amanhã é a minha roupa interior.
Não, não, não concordo nada com a violação do sigilo bancário. Não, não, não concordo nada que um borra botas qualquer que por acaso até chegou a chefe de loja no esquizofrénico franchise do Ministério das Finanças tenha poder para entrar pelos meus dinheiros adentro. Não, não, não acho que este desgraçado em particular tenha direito a isso, e muito menos direito a isso tem o Estado, no geral. Se o argumento para o total desrespeito pela privacidade, pela independência e pela dignidade do cidadão encontra justificação na moral fiscal eu digo: então o Estado que seja moral primeiro. O Estado que comece por pagar a tempo e horas, o Estado que comece a receber o IVA com base no recibo, o Estado que deixe de roubar o contribuinte com essa artimanha de feirante que é o pagamento por conta, o Estado que receba as queixas do contribuinte sem pedir garantias bancárias, o Estado que não penhore e venda à mais baixa licitação os bens de que tomou posse por erro burocrático, o Estado que não cobre juros superiores aos praticados pela banca, o Estado que não me leve 42% do rendimento, o Estado que tenha respeito pelo dinheiro que me tributa brutalmente e que não o gaste com devaneios, incompetências de bê-à-bá, banquetes oferecidos a assassinos e déspotas, subsídios para párias, blindagens nas limusinas, submarinos, estudos e contra-estudos para se fazer tudo mal na mesma, consultores para isto, para aquilo e por tudo e por nada, ordenados de funcionários públicos que não têm o que fazer, ordenados para amigos que precisam de ordenados; o Estado que ganhe consciência ética para além da ética do Estado cigano, do Estado manhoso, do Estado interesseiro, do Estado invejoso, do Estado voraz, do Estado corruptela da democracia, do Estado adversário da economia, do Estado fascista, mentiroso, disfuncional, do Estado carregado de filhos da puta e bandidos da pior espécie. O Estado que ganhe vergonha e deixe de ser o Estado que quer controlar tudo, ver tudo, normalizar tudo, o Estado que quer tomar conta, que quer possuir, nacionalizar, apropriar; o Estado que quer ser dono de tudo e de todos.